Muitos de nós estamos constantemente em busca de maneiras de retardar ou reverter o envelhecimento, e um fator que acelera esse processo é a inflamação. Pesquisas anteriores sugerem que uma dieta anti-inflamatória pode reduzir em 21% o risco de comprometimento cognitivo, relacionado ao envelhecimento cerebral, enquanto outro estudo indica que alimentos ricos em antioxidantes, que também combatem a inflamação, podem promover uma vida mais longa e com melhor qualidade. Um desses nutrientes anti-inflamatórios é o zinco, um mineral essencial que deve ser obtido por meio da alimentação ou suplementação, já que o corpo não o produz. Embora a necessidade diária de zinco seja pequena, esse mineral com ação antioxidante desempenha um papel importante no suporte ao DNA, na cicatrização de feridas e na imunidade, fatores que influenciam diretamente o envelhecimento.
Cientistas têm se dedicado não apenas a pesquisar formas de prevenir o envelhecimento, mas também a medi-lo. Ferramentas que utilizam algoritmos para determinar a idade biológica, como o ENABL Age, estão disponíveis e são frequentemente empregadas em estudos. A idade biológica reflete o declínio das funções corporais em relação à idade cronológica, sendo calculada com base em 12 biomarcadores mensuráveis por exames de sangue. Enquanto a idade cronológica é simplesmente o tempo decorrido desde o nascimento, a idade biológica indica a velocidade em que o corpo está envelhecendo. Por exemplo, uma mulher de 48 anos pode ter uma idade biológica que acompanha sua idade cronológica, ou estar envelhecendo mais rápido ou mais devagar que a média.
Um estudo recente feito por pesquisadores chineses investigou o papel do zinco no envelhecimento biológico e como o exercício físico pode influenciar esse efeito. Os dados foram extraídos de um biobanco. Para esta análise, foram incluídos quase 69 mil participantes com dados completos sobre dieta, atividade física e biomarcadores necessários para calcular a idade biológica. Os participantes foram divididos em dois grupos: um sem ingestão adequada de zinco e outro com ingestão suficiente. O grupo com deficiência de zinco tinha mais de 35 mil pessoas, com média de idade de 56 anos, sendo 46% mulheres, enquanto o grupo com zinco adequado incluía mais de 33 mil indivíduos, também com média de 56 anos, sendo 65% mulheres.
A ingestão de zinco foi calculada com base em registros alimentares e relatos de suplementação, comparados com as recomendações diárias de 11 mg para homens e 8 mg para mulheres, sem ultrapassar o limite de 40 mg/dia, considerado overdose. A atividade física foi avaliada por questionários padronizados e convertida em equivalentes metabólicos (MET), com a Organização Mundial da Saúde recomendando pelo menos 600 MET por semana, o que equivale a 75 minutos de atividade vigorosa ou 150 minutos de atividade moderada. Fatores como sexo, etnia, IMC, renda familiar, distúrbios do sono, tabagismo, consumo de álcool e histórico de câncer foram ajustados nas análises para evitar distorções.
Os resultados mostraram que participantes com envelhecimento biológico mais lento tendiam a ter maior ingestão diária de zinco em comparação com aqueles com envelhecimento acelerado. Especificamente, aqueles que consumiam a quantidade recomendada de zinco apresentaram um atraso médio de 0,11 ano na idade biológica. No entanto, o excesso de zinco (acima de 40 mg/dia) foi associado a um envelhecimento biológico quase 7 anos mais rápido. Além disso, a combinação de ingestão adequada de zinco e atividade física recomendada reduziu em 31% as chances de aceleração do envelhecimento biológico em comparação com aqueles com deficiência de zinco e sedentarismo.
O estudo tem limitações que não permite estabelecer causalidade. Além disso, os dados dietéticos e de atividade física foram autorrelatados, o que pode introduzir vieses. Ainda assim, os pesquisadores destacam que cerca de 17% da população global tem ingestão insuficiente de zinco, sugerindo que suplementos podem ser úteis para alguns, mas com cautela devido aos riscos do excesso.
O zinco influencia processos relacionados ao envelhecimento, como síntese de DNA, metabolismo proteico, proliferação celular e replicação, além de estar associado à saúde óssea, imunidade, equilíbrio hormonal e prevenção de doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer. Sua ação antioxidante também reduz a inflamação, contribuindo para um envelhecimento mais lento. Boas fontes alimentares de zinco incluem frutos do mar, carnes, aves, laticínios, nozes e sementes. Planos alimentares focados em proteínas ou anti-inflamatórios, como os mencionados no estudo, podem ajudar a garantir a ingestão adequada.
A atividade física também desempenhou um papel importante no estudo, potencializando os efeitos do zinco no retardamento do envelhecimento. Embora o estudo não tenha diferenciado tipos de exercício, apenas a adesão às recomendações mínimas, qualquer movimento intencional ao longo do dia—como subir escadas, caminhar ou alongar—pode ser um bom começo para quem é sedentário, com progressão gradual até atingir as metas semanais.
Em resumo, o estudo sugere que a ingestão adequada de zinco pode desacelerar o envelhecimento biológico, especialmente quando combinada com exercícios, mas o excesso tem o efeito oposto. Antes de suplementar, é aconselhável consultar um profissional de saúde para avaliar as necessidades individuais e evitar riscos. Priorizar alimentos ricos em zinco e manter-se ativo são estratégias práticas para promover um envelhecimento mais saudável.
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