Em meio ao crescente interesse por saúde intestinal, um tema que saiu das revistas científicas para as mesas de jantar, cresce também a percepção de que o bem-estar não começa na mente ou nos músculos, mas sim nas entranhas. Muito além de apenas digerir alimentos, o intestino abriga trilhões de microrganismos que formam o chamado microbioma intestinal — um ecossistema invisível que influencia diretamente nossa imunidade, humor e até nossa longevidade.
Especialistas em nutrição funcional apontam que cuidar da flora intestinal não é mais questão de moda, mas de necessidade. Fadiga crônica, alterações de humor e problemas digestivos podem ser sinais de que seu microbioma está em desequilíbrio. Estudos recentes mostram que um microbioma saudável está relacionado não apenas à prevenção de doenças como diabetes e problemas cardiovasculares, mas também a uma vida mais longa. Pesquisas indicam que pessoas centenárias compartilham algo além da idade avançada: uma dieta rica em fibras e um microbioma semelhante ao de pessoas muito mais jovens.
Para quem deseja começar a cuidar da saúde intestinal, a recomendação mais direta de especialistas é adicionar uma erva ao cardápio: a hortelã. Pequena, aromática e com longa tradição no alívio de desconfortos gastrointestinais, a hortelã — especialmente na forma de óleo de hortelã-pimenta — tem sido estudada com resultados promissores no alívio de sintomas da síndrome do intestino irritável, como cólicas, gases e inchaço. Suas propriedades antiespasmódicas relaxam os músculos do trato digestivo, enquanto seus efeitos anti-inflamatórios e antimicrobianos contribuem para um ambiente intestinal mais equilibrado.
Mas antes de imaginar que um único galhinho de hortelã resolverá problemas intestinais complexos, é importante ter em mente que as dosagens utilizadas em estudos clínicos geralmente são mais concentradas que as encontradas nas preparações caseiras. Isso não significa que o uso culinário seja ineficaz — apenas que ele deve ser encarado como parte de um plano mais amplo. Uma infusão de folhas frescas, por exemplo, pode suavizar náuseas e dores abdominais. E para quem considera o uso de suplementos com óleo de hortelã-pimenta, o ideal é consultar um profissional de saúde.
É válido lembrar que a hortelã não age sozinha. Outras ervas como gengibre, cúrcuma e erva-doce também oferecem benefícios significativos ao sistema digestivo. O segredo está em adotar uma abordagem holística, integrando diferentes plantas e alimentos que promovem o equilíbrio do microbioma.
Introduzir hortelã na rotina alimentar é simples e não exige complicações. Segundo nutricionistas especializados, três a cinco folhas frescas por refeição já são suficientes para agregar sabor e um leve efeito digestivo. Também é possível preparar chás ou adicionar as folhas em saladas, molhos ou sobremesas. No entanto, há uma ressalva importante: pessoas com refluxo gastroesofágico devem ter cautela, já que a hortelã pode acentuar os sintomas em alguns casos.
Portanto, se você está em busca de uma maneira prática de começar a cuidar da sua saúde intestinal, a hortelã pode ser uma excelente porta de entrada. Bastam algumas folhas por dia, armazenadas corretamente e usadas com consciência, para dar início a um processo de transformação silencioso, porém poderoso — tão discreto quanto o próprio microbioma, mas capaz de redefinir seu bem-estar de dentro para fora.