As novas tarifas em larga escala impostas pelo presidente Donald Trump estão gerando valores sem precedentes para o governo federal dos Estados Unidos, a tal ponto que, segundo uma importante entidade fiscal independente, a receita arrecadada é comparável ao impacto de criar um novo imposto sobre a folha de pagamento ou cortar quase um quinto de todo o orçamento militar do país.
Esses números são estimativas aproximadas, com o objetivo de ilustrar a magnitude da arrecadação e não de indicar contribuições exatas ao orçamento. Opositores das tarifas questionam se esse fluxo massivo de caixa, que já ultrapassa dezenas de bilhões de dólares por mês, pode de fato reduzir a dívida nacional americana, atualmente estimada em cerca de 37 trilhões de dólares, o equivalente a aproximadamente 204 trilhões de reais pela cotação atual.
De acordo com o Comitê para um Orçamento Federal Responsável (Committee for a Responsible Federal Budget ou CRFB), a resposta é sim, ao menos em parte, já que a receita gerada pelas tarifas é considerada tanto “significativa” quanto “relevante” pela instituição. Desde que reassumiu a presidência, Trump adotou uma política de “tarifas recíprocas” contra praticamente todos os principais parceiros comerciais dos Estados Unidos.
Em julho, segundo cálculos do CRFB, foram arrecadados cerca de 25 bilhões de dólares, aproximadamente 138 bilhões de reais, mais que o triplo do registrado no final do ano anterior e possivelmente apenas uma fração do que os próximos meses podem render. As projeções do think tank, sediado em Washington, indicam que essas tarifas devem gerar um total líquido estimado de 1,3 trilhão de dólares, cerca de 7,1 trilhões de reais, até o final do mandato atual de Trump, e 2,8 trilhões de dólares, aproximadamente 15,4 trilhões de reais, até 2034, um salto de 600 bilhões de dólares, cerca de 3,3 trilhões de reais, em relação ao patamar de maio.
No contexto do ano fiscal de 2025, as tarifas representaram até agora 2,7% de toda a receita federal, mais que o dobro da média histórica. Alguns analistas acreditam que essa fatia pode chegar a 5% caso as políticas atuais sejam mantidas. A injeção de 2,8 trilhões de dólares oriundos das tarifas nos cofres públicos poderia desacelerar de forma notável o crescimento da dívida federal.
Dados do Gabinete de Orçamento do Congresso (Congressional Budget Office), aliados a modelos do CRFB, sugerem que, se o regime tarifário for mantido de forma permanente, o déficit poderia ser reduzido em até 2,8 trilhões de dólares na próxima década. Segundo o CRFB, os aumentos tarifários recentes tendem a reduzir os déficits de forma relevante caso permaneçam em vigor ou sejam substituídos por medidas de arrecadação equivalentes, no chamado sistema de “pay-as-you-go”.
Especialistas, no entanto, alertam que o impacto, embora real, ainda é limitado diante da escala gigantesca das finanças do governo americano. Mesmo com arrecadações históricas, as tarifas representam apenas uma fração da receita federal total, insuficiente para substituir impostos sobre renda ou eliminar o déficit.
Em 2025, por exemplo, impostos sobre renda e sobre a folha de pagamento responderam por mais de três quartos da receita federal. Apesar disso, Trump já sugeriu a criação de “cheques de dividendo das tarifas” para famílias americanas, além de promessas de redução da dívida. A maioria dos economistas, entretanto, afirma que essa proposta não se sustenta matematicamente, pois as receitas recordes ainda são amplamente superadas pelas despesas anuais e pelos compromissos existentes.
O CRFB, fundado em 1981, é uma instituição apartidária composta por ex-membros e ex-diretores de órgãos-chave de formulação orçamentária e política fiscal, como o Gabinete de Orçamento do Congresso, os Comitês de Orçamento da Câmara e do Senado, o Gabinete de Administração e Orçamento (Office of Management and Budget) e a Reserva Federal (Federal Reserve).
A entidade produz análises periódicas sobre gastos do governo, tendências de déficit e dívida, além da solvência de programas como a Previdência Social. Tradicionalmente, o CRFB defende a redução dos déficits federais e o controle do crescimento da dívida nacional, postura que frequentemente inclui propostas de reforma em programas de benefícios sociais, algo que gera críticas de setores políticos mais à esquerda.
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