segunda-feira, agosto 11, 2025
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Quem inventou o xadrez?

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É difícil dizer quem inventou o xadrez. Ele não foi exatamente uma invenção, mas sim uma evolução. As primeiras versões surgiram há mais de 1.500 anos na Índia e, conforme o jogo viajou para a Pérsia, Ásia, Europa e outros lugares, ganhou novas peças, novas regras e novas formas de jogar. Mesmo o xadrez moderno não é estático, pois novas variações surgem a cada década e se espalham rapidamente pelo mundo. Voltando ao início dessa história, sabe-se que jogos de tabuleiro eram praticados na Índia há milhares de anos. Perto do primeiro milênio, um jogo popular de dados surgiu, no qual vários jogadores moviam suas peças por um tabuleiro de 8 por 8 casas chamado ashtapada. Nesse período, exércitos nômades invadiram reinos indianos, o que pressionou os governantes locais a ensinar estratégias de guerra aos nobres. Assim, surgiu a primeira versão do xadrez como treinamento de campo de batalha. De acordo com uma lenda indiana, o jogo foi criado pelo grão-vizir Sissa Ben Dahir como presente para seu rei.

Usando o mesmo tabuleiro ashtapada, criou-se um jogo no qual cada peça representava uma divisão do exército: soldados de infantaria, cavalos para a cavalaria e elefantes para romper linhas inimigas. O objetivo era capturar o rei adversário, protegido por um conselheiro militar chamado vizir, já que não havia ainda a figura da rainha. O jogo recebeu o nome chaturanga, que em sânscrito significa “ter quatro membros ou partes”, e era originalmente jogado por quatro pessoas, cada uma defendendo um quadrante do tabuleiro. Suas semelhanças com o xadrez moderno (tabuleiro 8 por 8, a fileira de soldados protegendo as peças principais e o rei como prêmio final) levaram o historiador de xadrez H.J.R. Murray a afirmar que o xadrez é um descendente direto do chaturanga, jogado na Índia desde pelo menos o século VI.

Da Índia, uma versão para dois jogadores espalhou-se pelo Império Sassânida, na Pérsia, onde prosperou no século VII na vida cortesã. Os persas chamavam o jogo de shah, que significa “rei”, e especialistas como Marilyn Yolam acreditam que daí veio a palavra “xadrez”. Quando o shah chegou à Europa séculos depois, o nome persa foi latinizado como scacus e, em diferentes idiomas, transformou-se em scacchi no italiano, schach no alemão, échecs no francês e chess no inglês. A expressão “xeque-mate” também veio do persa shah mat, significando “o rei está atônito” ou “exausto”.

A difusão para a Europa ocorreu principalmente graças ao Islã. Exércitos muçulmanos que invadiram a Pérsia nos séculos VII e VIII adotaram o jogo e o levaram para regiões como a Espanha. Foi na Europa que ocorreram mudanças importantes, como a substituição do vizir pela rainha e do elefante pelo bispo por volta do ano 1000. Segundo Yolam, isso refletia a ascensão do poder real, feminino e da Igreja na Idade Média, possivelmente inspirado por figuras como a imperatriz Adelaide da Itália. Inicialmente, a rainha movia-se apenas uma casa na diagonal, mas no século XV surgiu o “xadrez da rainha louca”, no qual a peça ganhou o poder de se mover livremente em qualquer direção, possivelmente inspirado na rainha Isabel I da Espanha.

Durante o Iluminismo, o xadrez deixou de ser exclusivo da nobreza e se tornou mais democrático, com livros populares sobre o jogo e uma visão dele como atividade digna de estudo. Benjamin Franklin, entusiasta do xadrez, argumentava que o jogo treinava qualidades como previsão, prudência e cautela, chegando a atrasar respostas oficiais enquanto disputava partidas que podiam durar a noite inteira. Até o século XIX, diferentes países usavam peças e regras próprias, mas a padronização veio com as competições internacionais. O conjunto Staunton, produzido em Londres na década de 1850, tornou-se o padrão oficial, usado no primeiro Campeonato Mundial de Xadrez em 1886 entre Wilhelm Steinitz e Johannes Zukertort. Antes disso, já havia partidas históricas, como a “Partida Imortal” de 1851, na qual Adolf Anderssen sacrificou praticamente todas as suas peças principais para vencer Lionel Kieseritzky.

No início do século XX, foram introduzidos relógios para limitar o tempo e, em 1924, foi criada a Federação Internacional de Xadrez (FIDE). O título de “grande mestre” só se tornou oficial em 1950, quando havia apenas 27 detentores, contra 1.785 em 2023, incluindo 40 mulheres. O atual campeão mundial absoluto é Magnus Carlsen, que mantém o título desde 2013, mas anunciou que não o defenderá em 2023 por falta de motivação.

O xadrez continua evoluindo. Muitos mestres reclamam que ele se tornou excessivamente dependente da memorização de aberturas e respostas. Para renovar o jogo, surgiram variações como o Chess960, criado por Bobby Fischer na década de 1990, no qual as peças da última fileira são embaralhadas, gerando 960 arranjos possíveis. Outro formato popular é o Bughouse, ou xadrez em duplas, com dois tabuleiros e quatro jogadores, onde as peças capturadas podem ser usadas pelo parceiro. Porém, a variação mais jogada hoje é o xadrez rápido, com partidas cada vez mais curtas, desde o bullet (três minutos ou menos) até o blitz (três a dez minutos) e o rápido (mais de dez e menos de sessenta minutos).

Carlsen também é campeão mundial nessas modalidades. A tecnologia também transformou o jogo: em 1997, Garry Kasparov perdeu para o supercomputador Deep Blue, e hoje programas de computador são ferramentas essenciais para análise e treinamento, enquanto torneios online reúnem milhões de jogadores no mundo todo.

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