quarta-feira, julho 23, 2025
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Doomscrolling faz mal para pele

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Estamos vivendo numa era em que informações de todas as partes do mundo estão facilmente acessíveis, disponíveis instantaneamente com um simples toque ou deslizar em aplicativos de notícias e redes sociais, a qualquer hora, todos os dias. Um estudo recente revelou que mais de 54% dos adultos atualmente consomem notícias por meio das redes sociais, número que quase dobrou desde 2020.

Não é surpresa que o comportamento viciante conhecido como doomscrolling tenha impacto na saúde mental, mas o excesso de tempo de tela também pode afetar sua pele. Estar informado sobre os acontecimentos do mundo é importante, e é justamente para isso que muitas dessas plataformas existem, mas é igualmente essencial cuidar de si mesmo, tanto física quanto emocionalmente. Receber notificações constantes sobre tragédias ou atualizar compulsivamente o feed em busca da próxima notícia alarmante dificilmente contribui para o bem-estar do corpo e da mente.

É fundamental entender os efeitos do doomscrolling na pele e como amenizá-los, sem necessariamente arremessar o celular pela janela. Esse hábito ocorre quando a pessoa sente dificuldade em parar de consumir, de forma contínua, conteúdos negativos nas redes ou em sites de notícias, o que frequentemente desencadeia sentimentos como ansiedade, tristeza, estresse ou até depressão.

Segundo Gail Saltz, professora de psiquiatria, há um componente biológico por trás disso. Ela explica que o cérebro ativa automaticamente a resposta de luta ou fuga, como se dissesse: “é melhor você ficar de olho, porque se não procurar pelo perigo, será a próxima vítima. ” Esse mecanismo é reforçado pela dopamina, substância ligada à sensação de recompensa. Quando nos sentimos informados ou preparados, o cérebro libera uma pequena dose de satisfação. Por outro lado, ao consumir conteúdos perturbadores, é liberado o hormônio do estresse, a norepinefrina, que gera uma resposta de alerta e agitação.

Esse ciclo afeta não apenas o humor e a felicidade, mas também prejudica a capacidade de manter rotinas importantes, como trabalho, sono e autocuidado. De acordo com a Dra. Saltz, lidar constantemente com esse tipo de material desencadeia estresse crônico, o que leva à produção contínua de cortisol, hormônio que tem diversos impactos sobre a saúde física e mental.

O cortisol, conhecido como “hormônio do estresse”, regula a pressão arterial e os níveis de glicose no sangue e atua contra inflamações em momentos de estresse intenso. Contudo, quando esse hormônio é produzido em excesso de forma constante, os problemas começam a aparecer. O dermatologista Jeremy Fenton, afirma que esse quadro de estresse contínuo pode afetar negativamente a aparência da pele, tornando-a mais fina, enfraquecida e propensa a irritações a longo prazo.

Embora não seja possível identificar apenas pela aparência se alguém passa tempo demais nas redes sociais, muitos pacientes acabam percebendo essa ligação por conta própria. Aqueles que já têm condições inflamatórias da pele, como psoríase, acne e eczema, costumam notar uma piora nos sintomas em períodos de estresse elevado e também quando estão privados de sono.

À noite, enquanto o corpo tenta descansar e se recuperar, o hábito de rolar infinitamente a tela em busca de más notícias atrapalha essa regeneração natural da pele. A Dra. Saltz ressalta que esse tipo de comportamento antes de dormir ativa o sistema nervoso simpático, justamente quando o corpo deveria estar acionando o sistema parassimpático, responsável pelo relaxamento. Essa agitação noturna compromete não apenas o início do sono, mas também sua continuidade, caso a pessoa acorde no meio da madrugada tomada pela ansiedade.

Dr. Fenton acrescenta que o sono é essencial para a regeneração do cérebro e de todos os tecidos do corpo. Quando não se dorme o suficiente, há um aumento do cortisol e alterações hormonais, como a redução da melatonina, que prejudica a capacidade da pele de se reparar. A falta de descanso adequado provoca inflamações, levando a mais espinhas, maior sensibilidade cutânea, vermelhidão, irritações e inchaços na região dos olhos.

E quanto à luz azul emitida pelas telas? Ela de fato prejudica a pele ou o problema é mais complexo? A luz azul, de alta energia e comprimento de onda curto, é emitida por telas digitais e LEDs, e sua exposição prolongada pode trazer malefícios semelhantes aos dos raios ultravioletas, como fadiga ocular e distúrbios do sono. Algumas pesquisas sugerem que ela também impacta negativamente a pele, embora o tema ainda gere debates. Há estudos apontando que a luz azul pode causar danos ao DNA e à estrutura da pele, enquanto outros mostram que ela pode ter efeitos terapêuticos, sendo usada em tratamentos para acne, por exemplo.

Mesmo com as divergências, o Dr. Fenton recomenda o uso diário de protetor solar e séruns antioxidantes para quem passa muito tempo diante de telas e se preocupa com os possíveis impactos na pele. Ele sugere o uso de filtros físicos com cor, pois a presença de óxido de ferro ajuda a proteger contra a luz visível, além da radiação ultravioleta.

Portanto, na próxima vez que notar a lua espiando pela janela enquanto você está imerso em um mar de vídeos e manchetes alarmantes, talvez seja melhor colocar o celular de lado e abrir um livro. Sua pele e sua saúde mental agradecerão.

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