segunda-feira, julho 14, 2025
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Estátua de 3 mil anos encontrada no fundo de um lago

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Uma estatueta de argila passou milênios incompleta, repousando no fundo de um lago enquanto esperava que seu artesão da Idade do Ferro, há muito desaparecido, a finalizasse. Durante escavações no sítio arqueológico subaquático de Gran Carro di Bolsena, em Aiola, na Itália, pesquisadores encontraram a pequena figura de argila rudimentar no Lago Bolsena, de origem vulcânica. Representando uma mulher e datada entre os séculos X e IX a.C., a peça parece mais um rascunho inicial do que uma obra acabada. No entanto, mesmo inacabada, a estatueta revela pistas valiosas sobre a vida na Itália durante a Idade do Ferro.

A figura, que cabe na palma da mão e possui traços femininos, está tão bem preservada que ainda exibe as marcas das digitais do artesão, segundo comunicado traduzido da Superintendência de Arqueologia, Belas Artes e Paisagem, órgão ligado ao Ministério da Cultura da Itália. Abaixo do busto, é possível identificar a impressão de um pedaço de tecido, o que sugere que a estatueta pode ter sido “vestida” em algum momento.

Especialistas em patrimônio cultural apontam que figuras semelhantes costumam ser encontradas em contextos funerários. No entanto, esta foi descoberta em uma área que já foi residencial, o que indica que a estatueta pode ter tido um uso ritualístico doméstico ou estar relacionada a práticas religiosas dentro do espaço de moradia.

Embora o crédito pela descoberta pertença à equipe do Serviço de Arqueologia Subaquática, a preservação e remoção cuidadosa do objeto só foram possíveis graças ao trabalho conjunto de restauradores de bens culturais e mergulhadores do governo italiano.

A história de Gran Carro di Bolsena ainda é em grande parte desconhecida. Os mergulhadores têm sido fundamentais para reunir pistas sobre a região, que só passou a chamar a atenção da arqueologia em 1991, quando estudiosos identificaram que as pedras sem forma da área de Aiola estavam ligadas à presença de fontes termais. Também foram encontradas estacas de madeira e fragmentos de cerâmica no lado sudoeste do lago, associando o local ao início da Idade do Ferro. Estima-se que haja pelo menos outras quatro formações rochosas semelhantes, embora menores, dentro do mesmo lago, indicando a força das fontes que emitem gases e minerais a temperaturas de até 40 °C.

Em 2020, pesquisadores descobriram um monte de terra sob as pedras, na mesma área onde foram encontrados madeira e cerâmica. Essa evidência levou os especialistas a concluir que Aiola era habitada na época das construções palafíticas e fazia parte de um povoado da Idade do Ferro. O achado posterior de moedas e vasos da era constantiniana confirma que a ocupação do local se estendeu até o fim do Império Romano.

A região de Aiola ainda guarda muitos segredos, e uma estatueta de argila, aparentemente mal acabada, preserva nas suas impressões digitais um fragmento dessa longa história.

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