sábado, julho 12, 2025
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Telescópio fotografa duas galáxias colidindo

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Quando duas galáxias anelares raras colidem, o resultado pode lembrar o símbolo do infinito ou até mesmo o rosto de uma coruja cósmica, dependendo da perspectiva. Foi exatamente essa formação peculiar que duas equipes internacionais de pesquisadores observaram com o auxílio do Telescópio Espacial James Webb. Embora tenham analisado o mesmo par de galáxias em colisão, chegaram a interpretações diferentes. Independentemente da aparência, a estrutura resultante promete oferecer novas pistas sobre os processos complexos envolvidos na formação e evolução de galáxias.

Em 13 de junho, cientistas de países da América do Norte, Europa e Ásia divulgaram um estudo preliminar detalhando a localização e as características de uma fusão galáctica que apelidaram de “Coruja Cósmica”. A descoberta inicial ocorreu por meio do COSMOS-Web, um extenso repositório público com dados fotométricos, estruturais e de desvio para o vermelho coletados ao longo de 250 horas de observação com o Webb. A equipe validou a fusão utilizando também dados dos programas PRIMER (Public Release IMaging for Extragalactic Research) e COSMOS-3D, este último baseado em imagens captadas pela NIRCam, a câmera de infravermelho próximo do telescópio. Para complementar, eles recorreram ao ALMA (Atacama Large Millimeter/submillimeter Array), no Chile, a fim de investigar a forma singular do sistema.

As duas grandes “estruturas oculares” da Coruja Cósmica correspondem às galáxias anelares envolvidas na colisão, cada uma com um núcleo galáctico ativo, interpretado como a “pupila” do conjunto. Entre elas, o ALMA identificou um aglomerado de gás molecular no ponto de contato, responsável por gerar uma onda de choque intensa, equivalente ao “bico” da figura.

Já outra equipe de astrônomos, dos Estados Unidos e da Dinamarca, observou a mesma fusão e divulgou, uma semana depois, um estudo com uma leitura diferente. Para esse grupo, o par galáctico forma a chamada “Galáxia do Infinito”. Após localizá-la também via COSMOS-Web, eles aprofundaram a análise com espectroscopia do observatório Keck, dados de rádio obtidos pelo VLA (Very Large Array) e imagens de raios X do telescópio espacial Chandra. Esses instrumentos revelaram que o sistema abriga um buraco negro supermassivo em processo ativo de acreção — ou seja, absorvendo grandes quantidades de matéria.

O astrônomo Mingyu Li, integrante da equipe que nomeou o sistema como Coruja Cósmica, afirmou que a zona de colisão pode representar um mecanismo subestimado para a conversão rápida e eficiente de gás em estrelas. A estrutura incomum, segundo ele e seus colegas, proporciona uma oportunidade única para estudar como colisões entre galáxias contribuem para o crescimento da massa estelar ao longo do tempo.

Seja como Coruja Cósmica ou Galáxia do Infinito, o sistema investigado se apresenta como um laboratório natural raro, no qual é possível observar, em um único conjunto, diversos processos cruciais da evolução galáctica ocorrendo ao mesmo tempo.

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