Apesar da indústria nacional estar recuando nesses últimos dois meses, as indústrias instaladas no Paraná alcançaram, em 2023, uma receita líquida de 516 bilhões de reais, praticamente o dobro do registrado em 2018, quando o valor foi de 260 bilhões. No mesmo período, o Valor Bruto da Produção, indicador que representa o montante gerado pelas atividades industriais antes da dedução dos custos operacionais, passou de 239 bilhões para 454 bilhões de reais, evidenciando um crescimento de 90%. Os números são da Pesquisa Industrial Anual, levantamento conduzido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, considerado o principal instrumento de análise estrutural da indústria brasileira. Esse mesmo levantamento indicou que o Paraná liderou, em 2023, o volume de produção industrial entre os estados da Região Sul, registrando o maior Valor de Transformação Industrial da região e ocupando a terceira colocação no ranking nacional da indústria de transformação.
O avanço da atividade industrial também se refletiu no mercado de trabalho. Em cinco anos, foram gerados 91 mil empregos formais no setor, elevando o número de trabalhadores com carteira assinada de 625 mil em 2018 para mais de 716 mil em 2023. O crescimento de 14,5% na força de trabalho industrial do estado foi o segundo maior em termos proporcionais entre os estados do Sul e Sudeste, atrás apenas do Espírito Santo, e contribuiu para que o Paraná atingisse sua menor taxa de desemprego já registrada: 3,3%. O desempenho industrial foi impulsionado pela chegada de novos investimentos e é sustentado por uma base produtiva diversificada, com destaque para os segmentos de alimentos, combustíveis, veículos automotores, máquinas e equipamentos, produtos químicos, papel e celulose. Esses setores concentram grande parte da geração de valor e empregos, além de movimentarem cadeias produtivas ligadas a outros ramos da economia.
Para o presidente do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social, Jorge Callado, os resultados confirmam o êxito das estratégias adotadas pelo governo estadual para impulsionar a indústria. Segundo ele, os indicadores refletem diretamente o apoio das políticas públicas voltadas ao setor, que atualmente opera com base em tecnologia, sustentabilidade e inovação, aumentando sua presença tanto no mercado interno quanto nas exportações. Callado também apontou que o desempenho industrial tem repercussão direta na geração de empregos e no crescimento da renda. Ele citou o crescimento de 5,92% do Produto Interno Bruto industrial do estado no primeiro trimestre de 2025, percentual acima da média nacional, como evidência de um ambiente favorável ao desenvolvimento econômico e à valorização do trabalho.
Na avaliação do presidente da Invest Paraná, Eduardo Bekin, o atual ciclo de crescimento tem origem em mudanças estruturais no perfil da indústria do estado. De acordo com ele, o Paraná tem avançado com investimentos em pesquisa, desenvolvimento e adoção de novas tecnologias, deixando de atuar apenas como fornecedor de matéria-prima e passando a agregar valor aos produtos por meio da transformação industrial. Essa mudança, segundo Bekin, tem impactos diretos no mercado de trabalho e na economia local, uma vez que o aumento da industrialização e o uso de tecnologias como robótica e inteligência artificial resultaram na especialização da mão de obra, o que se reflete em salários mais elevados e maior capacidade de consumo nas cidades. Esse ciclo de crescimento, de acordo com Bekin, está alterando a realidade econômica de diversas regiões do estado.
A avaliação do presidente da Invest Paraná é corroborada pelos dados sobre a renda média anual dos trabalhadores da indústria no estado, que aumentou de 34,6 mil reais em 2018 para 45,6 mil reais em 2023. Esses números, também provenientes da Pesquisa Industrial Anual, reforçam os efeitos positivos da expansão industrial sobre a economia como um todo, a partir do aumento do poder aquisitivo das famílias.
Leia também: Países emergentes que emprestam dinheiro da China estão com dificuldades de se desenvolver