quinta-feira, julho 3, 2025
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Nem as garrafas de vidro nos livram dos microplásticos

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Pesquisadores que estudam a contaminação por microplásticos em bebidas comuns encontraram um resultado surpreendente: bebidas armazenadas em garrafas de vidro apresentaram entre cinco e cinquenta vezes mais partículas de microplásticos do que aquelas acondicionadas em garrafas plásticas. A descoberta foi feita por cientistas da Unidade de Segurança Alimentar Aquática, que conduziram o estudo no Laboratório de Segurança Alimentar da ANSES, na França.

Segundo Iseline Chaïb, integrante da equipe responsável, a expectativa inicial era exatamente o oposto, de que os recipientes plásticos conteriam mais contaminação do que os de vidro. O estudo teve como objetivo analisar o nível de microplásticos presentes em bebidas amplamente consumidas no mercado francês, como água, refrigerantes, chá gelado, vinho e cerveja, além de investigar de que forma o tipo de recipiente influencia esse nível de contaminação.

Os resultados, segundo a própria ANSES, surpreenderam os pesquisadores. Constatou-se que os recipientes mais contaminados eram as garrafas de vidro. Uma possível explicação apontada pelo estudo está nas tampas: em diversas amostras analisadas, as partículas encontradas nas bebidas apresentavam coloração e composição idênticas à tinta externa usada nas tampas, o que sugere que elas são a principal fonte de contaminação.

Reforçando essa hipótese, o estudo mostrou que garrafas de vinho com rolhas de cortiça apresentaram níveis muito baixos de microplásticos. Em média, foram encontradas cerca de 100 partículas de microplásticos por litro em garrafas de vidro contendo refrigerantes, limonadas, chá gelado e cervejas. Esse número era de cinco a cinquenta vezes menor em bebidas armazenadas em garrafas plásticas ou latas de alumínio.

O problema da contaminação por microplásticos é grave e vai além das suposições ou do bom senso. O estudo evidencia o grau alarmante de presença dessas partículas no meio ambiente, na cadeia alimentar, na água potável e até mesmo no corpo humano. Embora os riscos completos à saúde ainda estejam sendo estudados, sabe-se que os microplásticos entram no organismo por ingestão, contato com a pele e até pela respiração.

Apenas por meio da alimentação, estima-se que entre 39.000 e 52.000 partículas de plástico sejam ingeridas por uma pessoa anualmente. Uma vez dentro do corpo, essas partículas podem alcançar a corrente sanguínea e se espalhar pelos órgãos. Já foram detectadas no fígado, cólon, pulmões, fezes, placenta e leite materno, sendo que os maiores níveis se concentram no fígado e no cólon.

Estudos científicos já indicaram possíveis relações entre a exposição elevada aos microplásticos e o aumento de doenças como diabetes, hipertensão arterial e acidentes vasculares cerebrais em regiões mais poluídas. Diante disso, embora haja iniciativas voltadas à redução da produção de plástico e ao combate ao descarte inadequado, também existem medidas individuais que podem ajudar a conter esse problema.

Reaproveitar embalagens plásticas de maneira criativa, por exemplo, impede que elas sejam descartadas em lixões ou cheguem a rios e mares. Melhor ainda é evitar, sempre que possível, o uso de recipientes plásticos descartáveis, pressionando assim as empresas a investirem em alternativas mais sustentáveis.

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