Cada vez mais lixo espacial tem caido na Terra

outubro 27, 2025

No sábado, um enorme fragmento do que quase certamente é lixo espacial foi encontrado no meio de uma estrada desértica na Austrália Ocidental, segundo a Agência Espacial Australiana. A origem exata do objeto ainda não foi determinada, mas tudo indica que se trata de uma peça desprendida de um foguete.

“O destroço provavelmente é um tanque de propelente ou um vaso de pressão proveniente de um veículo de lançamento espacial”, afirmou a agência em comunicado.

O material carbonizado foi descoberto por trabalhadores de uma mina em uma estrada de acesso remoto. Partes ainda estavam em chamas, com fumaça subindo ao céu, conforme mostraram fotos divulgadas pela Polícia da Austrália Ocidental.

O tamanho e o peso exatos ainda não foram revelados, mas a polícia informou que “as avaliações iniciais sugerem que é feito de fibra de carbono e apresenta características compatíveis com detritos espaciais já identificados anteriormente, como vasos de pressão revestidos com compósitos ou tanques de foguetes”.

Especialistas suspeitam que o objeto possa ter se desprendido do estágio superior de um foguete chinês Jielong. “O último lançamento ocorreu no fim de setembro, então esse fragmento estava orbitando a Terra e, de repente, foi puxado de volta para a atmosfera”, explicou a arqueóloga espacial Alice Gorman, da Universidade Flinders.

“Um mês atrás, fragmentos semelhantes foram encontrados na Argentina”, acrescentou Gorman. “Essas peças vinham do corpo do foguete Jielong. A trajetória do foguete cobre a Austrália, e os destroços são muito, muito parecidos com os encontrados anteriormente.”

Independentemente da origem exata, o episódio evidencia um problema global que cresce junto com o ritmo acelerado da indústria espacial: a poluição. Os lançamentos de foguetes estão mais frequentes do que nunca, e a constelação de satélites Starlink, de Elon Musk, já conta com milhares de unidades em órbita. Há tantos desses satélites descartáveis que, atualmente, ao menos um deles cai na Terra todos os dias.

É raro que fragmentos tão grandes de lixo espacial atinjam o solo, pois a maior parte deveria se desintegrar completamente na reentrada atmosférica. No entanto, raro não significa impossível, e a frequência recente de quedas em diferentes partes do mundo preocupa especialistas, que temem estar subestimando o risco real.

No ano passado, um pedaço de detrito espacial proveniente da Estação Espacial Internacional perfurou o telhado de uma casa na Flórida. O objeto metálico, de aproximadamente 730 gramas, havia se desprendido de uma carga de baterias descartadas que a estação havia lançado três anos antes.

Meses depois, um fragmento de quase 45 quilos de uma cápsula SpaceX Crew Dragon caiu em uma fazenda no Canadá, e esse não foi o primeiro incidente do tipo envolvendo a empresa. Dois anos antes, um pedaço de três metros, vindo da seção traseira de outra cápsula Dragon, havia se chocado contra uma fazenda de ovelhas na Austrália.

Ainda não se compreende totalmente como esses objetos conseguem resistir à reentrada. As espaçonaves modernas são fabricadas com materiais compósitos, muito mais leves do que os metais usados na Era Espacial, mas o comportamento dessas novas estruturas ao atravessar a atmosfera terrestre ainda é pouco estudado.

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