Thursday, May 8, 2025
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Porque não descartamos nosso lixo dentro de vulcões

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A lava é de fato quente o suficiente para queimar parte do nosso lixo. Durante a erupção do Kilauea na ilha do Havaí em 2018, os fluxos de lava atingiram temperaturas superiores a 1.100 graus Celsius – mais quente que a superfície do planeta Vênus e capaz de derreter diversas rochas. Essa temperatura é comparável à dos incineradores de lixo, que normalmente operam entre 1.000 e 1.200°C. No entanto, nem todas as lavas têm a mesma temperatura. As erupções havaianas produzem lava basáltica, mais fluida e quente do que lavas como a dacita, mais espessa, que surgiu na erupção do Monte Santa Helena em Washington entre 2004-2008, onde a lava na superfície do domo vulcânico registrava menos de 704°C.

Além das variações de temperatura, existem outros motivos importantes para não queimar lixo em vulcões. Embora a lava a 1.100°C possa derreter materiais como restos de comida, papel, plástico, vidro e alguns metais, ela não é quente o suficiente para fundir aço, níquel ou ferro. Outro obstáculo é a escassez de vulcões com lagos de lava ativos – crateras em formato de bacia preenchidas por lava derretida. Dos milhares de vulcões na Terra, apenas oito possuem lagos de lava persistentes, incluindo o Kilauea, o Monte Erebus na Antártida e o Nyiragongo na República Democrática do Congo. A maioria dos vulcões ativos tem crateras preenchidas por rochas e lava resfriada ou por água, como o Lago da Cratera em Oregon.

O processo de despejar lixo nesses oito lagos de lava seria extremamente perigoso. A superfície desses lagos possui uma crosta de lava resfriada que, quando rompida por quedas de rochas ou outros materiais, pode causar explosões violentas. Um exemplo ocorreu no Kilauea em 2015, quando blocos de rocha da borda da cratera caíram no lago de lava, gerando uma explosão que lançou material vulcânico a grandes alturas. Qualquer pessoa tentando despejar lixo teria que fugir de detritos incandescentes e lava projetada.

Mesmo que fosse possível despejar lixo com segurança, a queima de plásticos, metais e outros resíduos liberaria gases tóxicos adicionais aos já emitidos pelos vulcões, como enxofre, cloro e dióxido de carbono. Esses compostos podem formar névoas ácidas, conhecidas como “vog” (neblina vulcânica), que danificam a vegetação e causam problemas respiratórios em populações próximas. A mistura desses gases naturais com poluentes do lixo tornaria as emissões ainda mais prejudiciais.

Por fim, muitos vulcões são considerados locais sagrados por comunidades indígenas. A cratera Halema’uma’u no Kilauea, por exemplo, é vista como o lar de Pele, a deusa havaiana do fogo, sendo uma área de grande significado cultural para os nativos havaianos. O descarte de lixo nesses locais representaria uma grave ofensa a essas tradições culturais e religiosas.

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