sábado, outubro 4, 2025
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Cientistas criam óvulos a partir de células da pele

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Cientistas desenvolveram células semelhantes a óvulos capazes de serem fecundadas utilizando DNA de células comuns da pele, em um avanço que pode representar uma importante descoberta para a pesquisa sobre infertilidade.

A equipe, liderada pela bióloga clínica Nuria Marti-Gutierrez aplicou uma técnica inédita para remover cromossomos excedentes e conseguiu criar óvulos humanos que puderam ser fertilizados e iniciar o desenvolvimento em zigotos.

Apesar de ainda se estimar que uma aplicação clínica esteja a pelo menos 10 a 15 anos de distância, devido a desafios técnicos e barreiras éticas, o experimento serve como prova de conceito que abre caminho para novas possibilidades de tratamento da infertilidade.

De acordo com a ginecologista e endocrinologista reprodutiva Paula Amato, essa abordagem permite aproveitar a maquinaria celular do oócito maduro para reprogramar uma célula somática, ou seja, uma célula do corpo, sem depender de meses de cultivo celular para gerar células-tronco pluripotentes induzidas.

Segundo ela, isso economiza tempo e pode reduzir o risco de anomalias genéticas e epigenéticas. A infertilidade afeta milhões de pessoas no mundo e é oficialmente definida como a incapacidade de alcançar uma gravidez bem-sucedida após 12 meses de tentativas.

Suas causas são variadas e podem envolver tanto disfunções nos gametas masculinos ou femininos quanto em ambos. No caso das mulheres, fatores como envelhecimento, doenças como câncer e a queda natural na quantidade e qualidade dos oócitos, células que dão origem aos óvulos, estão entre os principais motivos.

Uma das linhas de pesquisa em desenvolvimento é a gametogênese in vitro, conhecida pela sigla IVG, que consiste em produzir gametas utilizando o material genético do próprio paciente. Essa técnica já foi aplicada com sucesso em camundongos, mas ainda não em humanos. Uma variação da IVG é a transferência nuclear de células somáticas (SCNT), em que o núcleo de um óvulo é substituído pelo núcleo de uma célula somática.

O problema é que isso gera um gameta com 46 cromossomos, quando o normal seria apenas 23. Para enfrentar essa limitação, os cientistas criaram uma técnica chamada mitomeiose, que imita de forma artificial o processo natural de divisão celular. Nesse procedimento, o núcleo de uma célula de pele de um dos futuros pais é inserido em um oócito doador, previamente esvaziado de seu núcleo.

O óvulo reconstruído é então induzido a expelir metade de seu material cromossômico, alcançando a condição haploide, ou seja, 23 cromossomos. A partir daí, ele pode ser fertilizado com o esperma do outro futuro pai, formando um zigoto com 46 cromossomos, metade proveniente de cada progenitor.

Com essa metodologia, os pesquisadores criaram 82 oócitos funcionais utilizando óvulos e células de pele de doadores voluntários. Esses óvulos foram então fertilizados com esperma também doado.

O resultado mostrou que a maioria parou de se desenvolver entre os estágios de 4 a 10 células, mas cerca de 9% avançaram até a fase de blastocisto, que corresponde ao ponto em que normalmente o embrião é implantado no útero, por volta do sexto dia de desenvolvimento.

O experimento, no entanto, foi encerrado nesse estágio. Observou-se que muitos dos blastocistos apresentavam anomalias cromossômicas, já que a expulsão do material genético extra durante a mitomeiose ocorreu de forma aleatória, o que compromete a formação adequada do embrião. Segundo Amato, para que um bebê saudável possa se desenvolver, é fundamental que o embrião possua um conjunto cromossômico completo e equilibrado, com um cromossomo de cada par herdado de cada progenitor.

Os próximos passos da pesquisa buscam aprimorar o pareamento e a segregação cromossômica para evitar falhas. A expectativa é de que esse refinamento leve pelo menos uma década, mas já se considera uma conquista demonstrar a viabilidade da mitomeiose e estabelecer um caminho para futuros avanços.

Para a especialista em fertilidade Ying Cheong, esta é a primeira vez que se mostra ser possível inserir DNA de células comuns em um óvulo, ativá-lo e induzi-lo a reduzir seu número de cromossomos, replicando etapas únicas que normalmente acontecem apenas na formação natural de gametas.

Embora o trabalho ainda esteja em fase inicial de laboratório, ele pode transformar a compreensão sobre infertilidade e abortos espontâneos e, no futuro, abrir a possibilidade de criar células semelhantes a óvulos ou espermatozoides para pessoas sem outras alternativas reprodutivas.

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