Se a sua ideia de relaxar no fim do dia envolve abrir uma cerveja, você não está sozinho. A cerveja é a bebida alcoólica mais consumida no Brasil. Em comparação com outras bebidas alcoólicas, ela é de fácil acesso em supermercados por causa do seu baixo teor alcoólico, já que muitas marcas ficam abaixo de 5% de álcool por volume, o que permite sua venda em estados com leis rígidas de bebidas destiladas. Apesar de parecer uma opção menos nociva do que outras bebidas, consumir cerveja diariamente pode trazer consequências para a saúde, tanto no curto quanto no longo prazo.
O consumo de cerveja tem sido associado a maior densidade mineral óssea em homens e mulheres, e até mesmo a ingestão de uma unidade por semana foi relacionada a menor risco de fratura no quadril. Isso ocorre devido à presença de silício e polifenóis. No entanto, mais estudos são necessários para confirmar se esses possíveis benefícios superam os riscos.
Por outro lado, o álcool presente na cerveja pode prejudicar o sono. Embora seja conhecido por causar relaxamento, sua metabolização interfere nas funções cerebrais, afetando reflexos, equilíbrio, memória e a qualidade do descanso. Pesquisas indicam que até mesmo pequenas quantidades de álcool reduzem o tempo de sono REM e atrasam o início dessa fase essencial para a recuperação mental. O fígado, ao metabolizar o álcool, gera interrupções no ciclo do sono, tornando-o mais agitado e menos restaurador.
O álcool também interfere no processo de perda de peso. Ao ser ingerido, ele é imediatamente priorizado pelo fígado como fonte de energia, já que o corpo não pode armazená-lo. Isso atrapalha a queima de gordura e, em excesso, pode levar a danos permanentes no fígado.
Outro impacto ocorre no sistema digestivo. O álcool aumenta a produção de sucos gástricos, irrita o intestino delgado e o cólon e altera o trânsito intestinal, podendo causar dor abdominal, inchaço e diarreia. Em grandes quantidades, pode provocar inflamação intestinal, alterar a microbiota e até aumentar a permeabilidade da parede intestinal, o que favorece doenças relacionadas ao fígado. Ainda assim, há pesquisas sugerindo que compostos fermentados da cerveja possam ter efeitos benéficos para a saúde intestinal.
A cerveja também pode causar desidratação. O álcool interfere nos hormônios que regulam a função renal e o equilíbrio de líquidos e eletrólitos no organismo. Embora seu efeito diurético seja menor do que o de vinhos e destilados, é recomendável consumir água junto à cerveja para reduzir os riscos de desidratação e os sintomas de ressaca.
No longo prazo, o consumo frequente pode aumentar a probabilidade de doenças crônicas. Ainda que alguns estudos associem o consumo moderado de álcool a uma melhora em indicadores cardiovasculares, outras pesquisas mostram que esses efeitos podem estar superestimados por fatores como genética, estilo de vida e condição socioeconômica. Por outro lado, já está bem estabelecido que o consumo excessivo eleva o risco de hipertensão, acidente vascular cerebral, insuficiência cardíaca e problemas na musculatura do coração, além de aumentar a incidência de vários tipos de câncer, incluindo os de boca, garganta, esôfago, cólon, reto, fígado e mama. Estima-se que o álcool esteja associado a 6% de todos os casos de câncer e 4% das mortes por câncer.
Em termos nutricionais, uma lata de 355 ml de cerveja comum contém em média 153 calorias, 13 g de carboidratos, 2 g de proteína, 14 g de álcool, além de pequenas quantidades de vitaminas e minerais como niacina, colina, folato, magnésio e fósforo. Não contém fibras, açúcar adicionado, colesterol ou gordura.
Assim, beber cerveja com moderação pode fazer parte de um padrão alimentar equilibrado, mas não deve ser visto como necessário para obter benefícios de saúde. Outros alimentos, como iogurte, leite, queijo ou opções fermentadas, oferecem nutrientes semelhantes e podem contribuir para ossos e intestino saudáveis sem trazer os mesmos riscos associados ao consumo de álcool.
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