Por bilhões de anos a vida na Terra foi moldada pela evolução genética, que lentamente ajustava as espécies de acordo com as pressões ambientais. Esse processo, no entanto, passou a conviver com uma transformação profunda há cerca de 600 mil anos, quando um membro do grupo dos grandes primatas, já com um cérebro bastante desenvolvido, começou a demonstrar sinais de cultura cumulativa, visíveis na produção de ferramentas de pedra cada vez mais complexas.
A partir daí, esses primeiros avanços tecnológicos se expandiram até resultarem em sociedades sofisticadas que, segundo um estudo recente de Timothy Waring e Zachary Wood, passaram a ocupar o papel central que antes era exclusivo da genética no processo evolutivo.
Os pesquisadores analisaram as diferenças entre a adaptabilidade da genética e da cultura e identificaram padrões da chamada coevolução gene-cultura. O trabalho dá continuidade a anos de pesquisa sobre o tema e discute as implicações de uma possível transição evolutiva para o futuro da humanidade e do planeta.
Em comunicado, Waring destacou que a evolução humana parece estar mudando de marcha, pois ao aprender habilidades, criar instituições e desenvolver tecnologias, as pessoas passam a herdar práticas culturais adaptativas. Segundo ele, a cultura encontra soluções para problemas de forma muito mais rápida do que a evolução genética, o que indica que estamos vivendo uma grande transição evolutiva.
A ideia pode parecer simples em um primeiro momento: desafios ambientais que antes poderiam ser fatais agora podem ser contornados por inovações culturais e tecnológicas. Os autores citam como exemplo os óculos ou cirurgias corretivas para problemas de visão, além de avanços médicos como cesarianas e tratamentos de fertilidade.
Tais recursos, segundo eles, aumentam nossa dependência de sistemas culturais como hospitais, escolas e governos, ao mesmo tempo em que reduzem a necessidade de adaptações genéticas. Essa mudança transforma os seres humanos de organismos individuais em organismos coletivos, de modo semelhante a formigas que, juntas, constituem uma colônia capaz de realizar tarefas que nenhum indivíduo faria sozinho.
Em um comunicado de 2021, Waring chegou a afirmar que, em longo prazo, os humanos estariam evoluindo de organismos genéticos individuais para grupos culturais que funcionam como superorganismos. Como exemplo, ele mencionou a pandemia de coronavírus: um programa nacional eficiente de resposta à epidemia funcionaria, em sua visão, como um verdadeiro sistema imunológico coletivo, capaz de oferecer lições diretas sobre como aprimorar a resposta diante da Covid.
Mas embora a coevolução entre genes e cultura traga benefícios evidentes, essa dependência das soluções culturais também apresenta riscos quando as sociedades adotam práticas autodestrutivas. Em janeiro de 2024, os dois pesquisadores publicaram outro artigo no qual destacaram que a cultura humana foi construída com base na extração de recursos naturais, o que torna difícil inverter esse padrão.
Naquele mesmo ano, Waring afirmou que problemas globais como as mudanças climáticas são mais difíceis de resolver do que se imaginava, já que aspectos centrais da própria evolução humana podem estar atuando contra a capacidade de encontrar soluções. Resolver desafios coletivos globais, disse ele, exige nadar contra a corrente.
A expectativa dos cientistas é que compreender melhor esses mecanismos de coevolução possa estimular transformações positivas, capazes de impulsionar ações globais que vão além de acordos regulatórios como o Acordo de Paris.
Em declaração recente, Waring observou que, se a herança cultural continuar predominando, o destino dos indivíduos e o futuro da humanidade dependerão cada vez mais da força e da capacidade de adaptação de nossas sociedades. Nesse cenário, a próxima etapa da evolução humana pode não estar escrita no DNA, mas nas histórias, nos sistemas e nas instituições que construímos coletivamente.
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