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A IA criará uma consciência própria?

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Há mais de 20 anos, o futurista Nick Bostrom causou impacto no mundo da tecnologia ao publicar, em 2003, a hipótese de que todos nós poderíamos estar vivendo em uma simulação computacional.

A ideia, inicialmente restrita a círculos acadêmicos, ganhou força entre personalidades influentes da tecnologia. Ao longo das décadas seguintes, Bostrom publicou outras obras de destaque, entre elas Superintelligence: Paths, Dangers, Strategies, em 2014, na qual discutia como a inteligência artificial poderia superar a inteligência humana, e Deep Utopia: Life and Meaning in a Solved World, em 2024, em que refletia sobre as consequências de um mundo em que a IA resolvesse todos os problemas fundamentais da humanidade.

Sua trajetória, no entanto, não ficou livre de polêmicas: em 2023 veio a público um e-mail de teor racista escrito por ele nos anos 1990, e no ano seguinte o Future of Humanity Institute, da Universidade de Oxford, fundado por Bostrom, foi encerrado, fato que o filósofo classificou como uma “morte por burocracia”.

Atualmente, em meio ao avanço acelerado da inteligência artificial, Bostrom afirma que algumas de suas previsões começam a se concretizar diante de seus olhos. Em uma entrevista, declarou estar impressionado com a velocidade dos desenvolvimentos recentes e afirmou que o mundo segue em direção à chamada inteligência artificial geral, ponto em que máquinas atingiriam um nível de raciocínio comparável ao humano.

Quando escreveu Superintelligence, no início da década de 2010, admitiu que trabalhava mais com especulações do que com fatos concretos, mas hoje, diante da proximidade dessa realidade, diz estar reformulando algumas de suas ideias.

Ainda em 2019, quando a tecnologia parecia distante da atual capacidade, ele disse que a inteligência artificial representava uma ameaça maior à sobrevivência da humanidade do que as mudanças climáticas e que seria a transformação mais significativa do século.

Questionado recentemente se ainda mantém essa visão, respondeu de forma cautelosa, lembrando que sempre existe a possibilidade de a própria civilização humana se autodestruir antes mesmo de lidar com a superinteligência.

Outro ponto que chama atenção é a mudança de tom em relação às consequências da IA avançada. Bostrom disse considerar a inteligência artificial geral inevitável e não necessariamente negativa, sugerindo que uma reorganização completa da sociedade poderia até trazer resultados positivos.

Entre os dilemas que identifica para o futuro estão quatro grandes questões: como alinhar a IA aos valores e à segurança humana, como governar essa tecnologia para evitar que seja usada de forma destrutiva, como reconhecer a eventual condição moral das chamadas “mentes digitais” e como impedir que superinteligências entrem em conflito entre si.

Os dois primeiros pontos aparecem em praticamente toda agenda de pesquisa sobre IA, mas os dois últimos são considerados incomuns até mesmo para quem, como ele, popularizou a teoria da simulação. Bostrom explica que, à medida que criamos sistemas cada vez mais sofisticados, pode ser que alguns deles adquiram formas de consciência que precisem ser reconhecidas em termos éticos. Em outro raciocínio, ainda mais especulativo, afirmou que, se civilizações alienígenas existirem e desenvolverem suas próprias inteligências artificiais, a humanidade poderá ser forçada a atuar como mediadora em eventuais disputas entre essas entidades.

Apesar dessas visões que parecem saídas de ficção científica, sua análise sobre o presente imediato é mais prática, embora ainda utópica. Para Bostrom, o objetivo final da inteligência artificial avançada deveria ser o desemprego total, não como uma tragédia social, mas como a libertação da necessidade do trabalho.

Nesse cenário, as pessoas precisariam encontrar novas bases para sua autoestima, dignidade e formas de preencher seus dias, sem depender do emprego como fonte central de sustento e propósito.

Segundo ele, se a humanidade conseguir lidar bem com esse processo, a IA abrirá espaço para uma era de florescimento humano sem precedentes. “Se tudo der certo, as pessoas olharão para 2025 e sentirão horror diante da vida que levávamos”, concluiu Bostrom, apontando para um futuro em que a tecnologia pode não apenas transformar, mas redefinir radicalmente a experiência de existir.

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