Nada é mais frustrante do que chegar em casa com frutas frescas e descobrir que elas já começaram a escurecer ou estragar em poucos dias. Mas esses dias de desperdício precoce podem estar com os dias contados, graças a uma descoberta revolucionária de uma empresa de biotecnologia do Reino Unido.
Eles desenvolveram com sucesso uma banana que permanece fresca por mais tempo – mantendo-se inalterada por até 12 horas depois de descascada. O segredo dessa inovação está na edição genética CRISPR, usada para desativar a enzima responsável pelo escurecimento da banana. Assim como maçãs e batatas, as bananas escurecem devido à oxidação, uma reação que não significa necessariamente que a fruta está passada.
Gilad Gershon, cofundador da empresa, explicou que essas bananas modificadas mantêm o mesmo sabor, doçura e aroma das convencionais – a única diferença é que a polpa não escurece tão rapidamente. Isso abre novas possibilidades, como incluir bananas em saladas de frutas pré-cortadas e outros produtos frescos, potencialmente criando um novo mercado significativo.
Enquanto maçãs geneticamente modificadas que não escurecem já estão disponíveis há cerca de uma década, as bananas representavam um desafio único. A maioria das bananas consumidas globalmente, inclusive no Brasil, pertence ao subgrupo Cavendish, que não tem sementes e só se reproduz por clonagem. Isso significa que as bananas de hoje são geneticamente idênticas às de décadas atrás, tornando impossível o melhoramento genético tradicional para características desejáveis.
O avanço pode, além de evitar o escurecimento, levar a outras melhorias genéticas, como aumentar a resistência a doenças e prolongar a vida útil – algo que a empresa já está pesquisando. As implicações para reduzir o desperdício de alimentos e diminuir as emissões de gases de efeito estufa são expressivas. Globalmente, cerca de um terço dos produtos agrícolas colhidos são desperdiçados, com quase 60% da biomassa de bananas sendo descartada após a colheita. A empresa estima que suas bananas que não escurecem podem reduzir o desperdício de alimentos e as emissões de CO2 na cadeia de suprimentos em mais de 25%, um impacto equivalente a tirar 2 milhões de carros das ruas a cada ano.
Essas bananas já receberam aprovação para venda comercial em vários países, incluindo Filipinas, Colômbia, Honduras, EUA e Canadá, sugerindo que em breve podem chegar também aos mercados brasileiros. Embora bananas muito maduras sempre tenham sido essenciais para receitas como pão de banana e torta de banana, essa inovação significa que os consumidores agora podem desfrutar de bananas perfeitamente maduras sem a aparência desagradável ou a textura mole. Esse avanço não só promete frutas mais frescas por mais tempo, mas também representa um passo importante em direção à sustentabilidade na indústria alimentícia.