Quando os filhos de Marileia Colaço querem assistir a um filme, eles procuram na biblioteca de DVDs da família ou vão até a biblioteca pública para pegar títulos emprestados. O que ela mais aprecia nesse hábito é que, ao final da sessão, o filme simplesmente termina, sem sugestões automáticas de novos títulos, sem algoritmos programados para manter a atenção das crianças por mais tempo. Para ela, esse limite natural imposto pelo DVD é um alívio em meio ao excesso de estímulos digitais de hoje.
O movimento de resgatar tecnologias do passado vem crescendo entre pais que buscam proteger os filhos da pressão constante das telas e do ambiente digital. Telefones fixos estão voltando a algumas casas como forma de adiar a entrega de smartphones às crianças, câmeras analógicas ganham espaço novamente e, agora, DVDs, CDs e fitas cassete reaparecem como alternativas mais controláveis diante do cenário de 2025. Esses recursos analógicos oferecem um meio de reduzir a exposição a conteúdos impróprios, limitar o bombardeio de estímulos visuais e manter as crianças longe do alcance dos algoritmos de recomendação.
Foi o marido de Colaço quem sugeriu a compra de um toca-fitas para os filhos. A ideia era oferecer à filha autonomia para escolher e ouvir música sem precisar de um tablet, evitando a associação com telas e internet. Com o aparelho, as crianças podem selecionar suas próprias fitas sem depender de um sistema digital que sugere faixas sem parar. Agora, com a presença também de um DVD player em casa, a família aproveita o hábito de buscar novos títulos na biblioteca local. Para Colaço, além de oferecer essa liberdade, existe também o prazer de possuir fisicamente algo como um DVD, sem depender de cópias digitais temporárias. Ela acredita que, ao prolongar a ausência dos algoritmos por mais alguns anos, pode dar aos filhos mais tempo para viver sem essas pressões.
A experiência é semelhante para Maria Lopes, mãe de três filhos. Aos 36 anos, ela encontrou no CD player o limite tecnológico adequado para que seus filhos usem sem supervisão constante. Diferentemente de um tablet ou acesso livre à internet, o aparelho restringe naturalmente as opções. Já o uso do DVD em casa também se mostrou positivo, pois reduz discussões entre os irmãos. Como a coleção de discos é limitada, não há espaço para intermináveis rolagens de catálogo, e as crianças precisam lidar com as escolhas disponíveis. Para Lopes, isso cria um ambiente em que a autonomia existe, mas dentro de fronteiras claras, ajudando inclusive no aprendizado de convivência.
No quarto da filha de Harminda Cruz, de 4 anos, há um CD player que a acompanha em momentos de lazer e também na hora de dormir. O aparelho é portátil, permitindo que a menina o leve pela casa. Cruz, cujo marido trabalha na área de cibersegurança, sempre se preocupou com os riscos do acesso precoce à internet. Estudos apontam que há 45% de chance de uma criança se deparar com conteúdo impróprio em até dez cliques no YouTube, mesmo começando por um vídeo infantil. Para o casal, recorrer à tecnologia analógica significa reduzir esse perigo, já que os conteúdos em CDs e DVDs são previamente escolhidos pelos pais. Além de evitar a sobrecarga de opções típica dos serviços de streaming, o método ajuda a filha a desenvolver independência em um ambiente seguro.
Quando as crianças de Cruz, incluindo a mais nova de 2 anos, visitam os avós, levam consigo o DVD player, seguindo a regra de que só podem assistir ao que possuem fisicamente. Ainda que CD players tenham sido lançados no Japão em 1982 e DVDs em 1996, para as crianças da chamada Geração Alpha tudo isso soa como novidade. Lopes relata que, há poucas semanas, seu filho de 9 anos se surpreendeu ao descobrir que o aparelho de CDs tinha também um rádio e passou a explorar as estações, aprendendo a sintonizar frequências pela primeira vez. Esse retorno ao passado, para muitas famílias, se tornou uma forma de manter os filhos mais distantes das pressões digitais, dando a eles tempo para vivenciar a infância sem a aceleração constante imposta pela tecnologia atual.
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