Wednesday, April 30, 2025
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Casos de câncer no intestino entre jovens cresce nas últimas décadas

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Um preocupante aumento no número de casos de câncer de intestino entre pessoas jovens, inclusive naquelas sem histórico familiar ou fatores de risco tradicionais como obesidade, tabagismo ou consumo excessivo de álcool, tem alarmado a comunidade médica. Nas últimas décadas, os diagnósticos em pessoas abaixo dos 50 anos cresceram 22%, com mais de 2.600 novos casos anualmente nesta faixa etária.

Embora as causas exatas desse crescimento ainda não estejam completamente esclarecidas, pesquisadores apontam que fatores como sedentarismo, dietas pobres em fibras e ricas em gorduras, além do aumento da obesidade, podem estar contribuindo para esse cenário. Agora, um novo estudo traz uma revelação preocupante: a exposição na infância a uma toxina chamada colibactina, produzida por certas variedades da bactéria E. coli, pode ser um dos elementos por trás desse aumento alarmante de casos.

A Escherichia coli (E. coli) é uma bactéria comum no intestino humano, onde muitas de suas variedades são inofensivas ou até benéficas, como a cepa Nissle 1917, que auxilia na digestão. No entanto, outras variedades, como a pks+ E. coli, produzem toxinas potencialmente cancerígenas. A colibactina, uma dessas substâncias nocivas, tem a capacidade de danificar o DNA das células intestinais, criando mutações que podem levar ao desenvolvimento de câncer. “Esta toxina age como um mecanismo de defesa da bactéria, mas acaba causando danos significativos ao nosso organismo”, explica o Dr. Paul Brennan, da Agência Internacional de Pesquisa em Câncer.

Um estudo recente trouxe dados preocupantes ao analisar quase 1.000 genomas de tumores intestinais. Os pesquisadores descobriram que mutações associadas à colibactina eram 3,3 vezes mais frequentes em pacientes com menos de 40 anos em comparação com aqueles acima de 70. “Estes resultados sugerem uma forte conexão entre a exposição precoce à toxina e o desenvolvimento de câncer intestinal em jovens”, afirma a pesquisadora Dra. Vivian Li. No entanto, especialistas ressaltam que a colibactina pode ser apenas um dos vários fatores envolvidos neste complexo quadro. “Ainda não podemos afirmar categoricamente que ela seja a causa direta, mas certamente é um elemento importante a ser considerado”, pondera o oncologista Prof. Justin Stebbing.

A grande questão que permanece sem resposta é como essas variedades perigosas de E. coli conseguem colonizar o intestino humano. “A colonização pode ocorrer em diferentes fases da vida, desde o parto e amamentação até através do consumo de alimentos contaminados”, explica Brennan. Um dado especialmente preocupante é que algumas dessas bactérias produtoras de colibactina são inclusive utilizadas em probióticos, o que levanta sérias questões sobre sua segurança e efeitos a longo prazo.

Enquanto a comunidade científica busca respostas mais conclusivas sobre esse mecanismo, os especialistas reforçam a importância das medidas preventivas já consolidadas. Aumentar o consumo de fibras através de frutas, legumes e grãos integrais pode prevenir até 28% dos casos, enquanto reduzir o consumo de carnes vermelhas e processadas (associadas a 13% dos diagnósticos) e manter um peso saudável (a obesidade está por trás de 11% dos casos) são estratégias eficazes. “É crucial que as pessoas não ignorem sintomas como sangue nas fezes, mudanças persistentes no hábito intestinal ou dores abdominais. O diagnóstico precoce pode fazer toda a diferença no tratamento”, alerta a pesquisadora Sophia Lowes.

Embora testes para detectar a presença da toxina ainda estejam em fase de desenvolvimento, a melhor estratégia continua sendo a prevenção ativa e a atenção aos sinais que o corpo emite. Os pesquisadores seguem trabalhando para desvendar os mecanismos exatos por trás dessa associação, enquanto autoridades de saúde reforçam a importância de hábitos saudáveis como forma de proteção contra esta doença que vem afetando cada vez mais pessoas jovens.

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