O oceano cobre cerca de 70% da superfície da Terra, mas menos de 30% do fundo marinho foi explorado e mapeado, o que explica por que cientistas frequentemente fazem descobertas inéditas nas profundezas. Uma dessas descobertas recentes foi a identificação de um vasto sistema hidrotermal, batizado de sistema Kunlun, cuja complexidade surpreendeu os pesquisadores.
Localizado no Oceano Pacífico, cerca de 80 quilômetros a oeste da Fossa de Mussau, na Placa Carolina, ao norte da Nova Guiné, o campo hidrotermal Kunlun é uma região tectonicamente ativa. Durante uma expedição com submersível tripulado, foram identificadas 20 crateras circulares no fundo do mar, algumas com mais de um quilômetro de diâmetro, abrangendo uma área total de aproximadamente 11,1 quilômetros quadrados.
Os sistemas hidrotermais se formam quando a água do mar penetra por fendas na crosta oceânica e aquece rapidamente ao se aproximar do manto terrestre. Embora sejam mais comuns nas profundezas oceânicas, esses fenômenos não se limitam ao mar. A relevância desses sistemas vai muito além de sua imponência geológica: eles podem ser fundamentais para compreender a origem da vida na Terra.
Ao redor das fontes hidrotermais profundas, a água é rica em hidrogênio, elemento essencial para a formação das moléculas orgânicas que deram origem à vida. No entanto, a presença de elementos básicos não garante, por si só, o surgimento da vida; é o conjunto de condições específicas dessas regiões que oferece aos cientistas um laboratório natural para investigar a receita química que pode ter possibilitado o aparecimento da vida há milhões de anos.
O sistema Kunlun chama atenção não apenas por ser uma descoberta recente, mas também por suas características incomuns. Segundo Sun Weidong, autor correspondente do estudo, ele se destaca pelo fluxo excepcionalmente alto de hidrogênio, pela grande escala e pelo cenário geológico singular em que se encontra.
O campo desafia suposições científicas antigas, mostrando que a produção abundante de hidrogênio pode ocorrer longe das dorsais mesoceânicas, algo antes considerado improvável. Essa descoberta remete ao campo hidrotermal conhecido como “Cidade Perdida”, localizado no Oceano Atlântico, considerado o ambiente de ventilação mais longevo já identificado. Embora a Cidade Perdida se destaque pela longevidade, o sistema Kunlun supera em tamanho, sendo mais de 100 vezes maior.
Os pesquisadores acreditam que ele pode oferecer pistas ainda mais relevantes sobre como e onde a vida surgiu, já que suas estruturas, como tubos e crateras, podem sustentar um ambiente mais estável e duradouro para a evolução da vida primitiva do que as formações de carbonato da Cidade Perdida.
Apesar de serem frequentemente estudados pelo papel que tiveram na origem da vida, os sistemas hidrotermais atuais estão longe de serem desabitados. O Kunlun abriga uma grande diversidade de espécies marinhas, incluindo camarões, lagostas-de-porcelana, anêmonas e vermes tubulares, que vivem em torno das fontes hidrotermais e podem depender da quimiossíntese baseada no hidrogênio para sobreviver. Para os cientistas, isso amplia ainda mais o potencial ecológico e biológico da região, transformando o sistema Kunlun em uma espécie de nova “cidade perdida” do fundo do mar.
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