A inteligência artificial está influenciando a forma das pessoas pensarem

novembro 9, 2025

pessoa no computador — (Foto: Perchance)

A inteligência artificial teve um crescimento impressionante em poucos anos. Aplicativos como o Copilot, da Microsoft, foram criados para auxiliar em planejamentos e ideias, enquanto o ChatGPT oferece apoio em tarefas escolares e profissionais. Embora algumas pessoas evitem o uso dessas ferramentas por motivos pessoais, muitas apreciam a eficiência que elas proporcionam.

No entanto, uma questão vem sendo cada vez mais discutida: o uso da inteligência artificial estaria nos tornando menos inteligentes? Pesquisas recentes têm indicado que sim, e que o impacto vai além disso.

Estudos sugerem que a inteligência artificial não apenas reduz nossa capacidade cognitiva, mas também altera o funcionamento do cérebro, podendo causar efeitos duradouros sobre nossa habilidade de aprender, resolver problemas e pensar de forma independente.

Essas mudanças, segundo os pesquisadores, não afetam apenas indivíduos, mas também a coletividade humana, ao diminuir nossa autonomia intelectual e criativa. Psicólogos chamam atenção especialmente para o uso da IA por estudantes, destacando que a dependência excessiva dessas ferramentas pode prejudicar a capacidade de enfrentar desafios, desenvolver autoconfiança e reconhecer o próprio potencial.

Pesquisadores também têm observado que a IA está modificando a forma como nos expressamos. Palavras e expressões comuns em textos gerados por sistemas inteligentes começaram a aparecer com mais frequência no discurso humano, o que sugere que a máquina está, de certa forma, ensinando o ser humano.

Em um estudo sobre produção de redações, grupos que dependeram apenas de suas próprias habilidades cognitivas apresentaram melhor desempenho cerebral e maior saúde mental, enquanto aqueles que recorreram a modelos de linguagem mostraram uma atividade cerebral mais fraca.

Um dos estudos mais relevantes sobre o tema, realizado em 2025, intitulado “Seu Cérebro no ChatGPT: Acúmulo de Dívida Cognitiva ao Usar um Assistente de IA em Tarefas de Redação”, analisou como o uso de IA em tarefas de escrita afeta o funcionamento cerebral.

Os participantes foram divididos em três grupos: o primeiro escreveu utilizando apenas o próprio raciocínio, o segundo usou mecanismos de busca na internet e o terceiro contou com o apoio de um modelo de linguagem artificial. A atividade cerebral foi monitorada por meio de eletroencefalografia.

Ao longo de três sessões, os resultados se mantiveram estáveis: o grupo que usou apenas o cérebro apresentou a maior atividade neural, o grupo que utilizou mecanismos de busca apresentou uma atividade intermediária e o grupo dependente de IA mostrou a menor resposta cerebral.

Quando os grupos trocaram de método na quarta sessão, aqueles que passaram do uso do cérebro para a IA demonstraram melhora de desempenho, enquanto os que fizeram o caminho inverso apresentaram queda significativa na atividade cerebral.

Outra observação preocupante do estudo foi a falta de sentimento de autoria entre os usuários de IA, que não conseguiam se lembrar com precisão do que haviam escrito. Além disso, esses participantes tiveram resultados inferiores aos dos demais grupos em aspectos como linguagem, comportamento e conexões neurais. De forma geral, o uso contínuo da inteligência artificial parece estar esgotando a capacidade cognitiva humana e até interferindo na confiabilidade de outras ferramentas de busca.

Pesquisas na área da linguística também revelam que o ChatGPT tem influenciado o vocabulário humano. Um levantamento que analisou mais de 22 milhões de palavras usadas de forma espontânea em conversas e programas de áudio constatou um aumento significativo no uso de termos preferidos pela IA, como “meticuloso”, “estrategicamente”, “angariar” e “superar”. Essa tendência levanta o questionamento sobre o futuro da linguagem e se expressões escolhidas por algoritmos acabarão substituindo padrões individuais de fala e escrita.

Outra preocupação recorrente diz respeito às consequências para o desenvolvimento cognitivo de estudantes. Especialistas em psicologia defendem que é fundamental ensinar habilidades básicas de pensamento para que as novas gerações não se tornem dependentes da IA.

Entre essas habilidades estão o aprendizado metacognitivo, que consiste em aprender a aprender de forma autônoma, a capacidade de adaptação e de criação de novas conexões neurais, e a autoconfiança intelectual, que é a crença na própria habilidade de melhorar e superar desafios. Errar e aprender com os erros é parte essencial do fortalecimento do cérebro um processo que não ocorre quando a inteligência artificial faz todo o trabalho cognitivo por nós.

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