Sistemas de IA reconhecem existência de bolha desses sistemas

outubro 24, 2025

Nos últimos meses, tem sido cada vez mais comum ouvir falar em uma possível bolha da inteligência artificial, com analistas e investidores traçando paralelos com a bolha das empresas de tecnologia do final da década de 1990 e seu posterior colapso. A valorização excessiva das ações de companhias do setor, a ausência de planos de negócios claramente definidos e o aumento de investimentos circulares — em que empresas de IA financiam outras do mesmo segmento — têm alimentado a percepção de que o mercado pode estar inflado artificialmente.

Um estudo realizado pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) no último verão chamou atenção ao revelar que, entre todas as empresas que investiram em inteligência artificial, 95% ainda não registraram nenhum retorno mensurável sobre esses investimentos. Esse dado reforçou as preocupações de que o entusiasmo em torno da IA possa estar ultrapassando os resultados concretos que a tecnologia tem sido capaz de oferecer até o momento.

A preocupação com uma bolha é tamanha que até os próprios sistemas de inteligência artificial parecem reconhecer o fenômeno. Um levantamento publicado pela revista Forbes trouxe as respostas de sete dos principais chatbots do mundo — incluindo ChatGPT, Grok, Meta AI, Claude, Perplexity, Copilot e Gemini — à pergunta: “Em até 100 palavras, você acredita que existe uma bolha de IA?”.

As respostas revelaram uma divisão entre as próprias máquinas. Grok, o chatbot da empresa xAI, de Elon Musk, afirmou categoricamente que há uma bolha, destacando que a inteligência artificial “tem impulsionado investimentos massivos, avaliações infladas e expectativas irreais, em um cenário semelhante ao da bolha das pontocom”. O sistema acrescentou que muitas startups de IA “não possuem modelos de negócio sustentáveis” e que “o abismo entre as promessas e as entregas reais está aumentando”. Apesar disso, Grok reconheceu que “o potencial transformador da IA continua sendo real”.

O ChatGPT, da OpenAI, adotou uma posição intermediária ao responder “sim e não”. Segundo o modelo, embora existam “sinais clássicos de comportamento de bolha”, incluindo investimentos “indiscutivelmente elevados”, a IA já demonstra “utilidade concreta em diversos setores”, o que indicaria que parte do entusiasmo é justificado.

Outros dois sistemas, o Perplexity e o Microsoft Copilot, afirmaram que, embora existam indícios do surgimento de uma bolha, ela ainda não se consolidou.

As respostas mais céticas vieram de três dos modelos consultados. O Meta AI adotou uma posição neutra, reconhecendo a existência de “avaliações superestimadas e risco de falha na entrega de resultados”, mas também destacando a “inovação genuína” e o “potencial de ganhos significativos em produtividade”. Já o Gemini, da Google, classificou a questão como “debatível”, admitindo “excessos especulativos em algumas áreas do mercado”, mas sem considerar que o fenômeno tenha atingido o nível de uma bolha generalizada.

Por fim, Claude, da Anthropic, reconheceu sinais de uma possível bolha, mas enfatizou que a IA “já está gerando valor real”, apontando que, embora haja especulação, os avanços tecnológicos e os benefícios práticos da inteligência artificial são tangíveis e crescentes.

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