Na imensidão do nosso sistema solar, a Terra é apenas um dos oito planetas oficialmente reconhecidos, ou nove se alguém ainda fizer questão de incluir Plutão, e é o único que apresenta condições minimamente adequadas para a existência da vida como a conhecemos.
Contudo, quando se olha para além da força gravitacional do Sol e se adentra no espaço interestelar, o cenário muda completamente: há uma paisagem cósmica repleta de mundos de diferentes tamanhos e características. Três décadas após a descoberta do primeiro exoplaneta, a NASA já contabiliza mais de seis mil mundos localizados além do nosso sistema solar.
Com o avanço contínuo da tecnologia, os astrônomos acreditam que a variedade de exoplanetas encontrados tende a se expandir cada vez mais, considerando que bilhões deles são estimados como possíveis.
Ainda assim, depois de trinta anos de pesquisas, uma questão persiste como um desafio central para a ciência: estamos sozinhos no universo? A dúvida é resumida em um vídeo da NASA que celebra o marco, no qual um narrador indaga se a Terra seria o único lar possível para a vida ou se haveria outros mundos habitáveis aguardando para serem descobertos, destacando que cada planeta identificado nos aproxima de uma resposta.
Exoplanetas são definidos como planetas localizados fora do sistema solar da Terra, razão pela qual também recebem a denominação de planetas extrassolares. Alguns deles, chamados planetas errantes ou rebeldes, não orbitam nenhuma estrela, deslocando-se livremente pelo espaço sem estarem presos a um sistema estelar.
O primeiro exoplaneta registrado foi o 51 Pegasi b, um gigante gasoso que orbita uma estrela semelhante ao Sol, descoberto em 1995, o que marcou um divisor de águas na astronomia. Desde então, ao longo de trinta anos, milhares de novos exoplanetas foram confirmados em diferentes pontos do cosmos.
Em 22 de setembro, a NASA informou que 6.007 exoplanetas já haviam sido confirmados, número monitorado pelo Instituto de Ciência de Exoplanetas da agência. Como a confirmação de novos planetas ocorre de maneira contínua, não há um único exoplaneta considerado oficialmente o número seis mil. Além disso, quase oito mil outros candidatos ainda aguardam confirmação e, segundo os astrônomos, acredita-se que bilhões existam espalhados pelo universo.
A detecção desses mundos ocorre por meio de observatórios espaciais e terrestres, como os telescópios Hubble e James Webb, que coletam imagens e dados fundamentais para a confirmação da existência dos exoplanetas. Missões futuras também prometem ampliar esse número, como o Telescópio Espacial Nancy Grace Roman, da NASA, que utilizará uma técnica conhecida como microlente gravitacional para descobrir milhares de novos exoplanetas.
Esse método aproveita a distorção da luz causada por corpos massivos no espaço, o que permite identificar planetas mesmo a grandes distâncias. Segundo Shawn Domagal-Goldman, diretor interino da divisão de astrofísica da NASA, essa conquista reflete décadas de exploração cósmica e transformou radicalmente a maneira como a humanidade enxerga o céu noturno.
Quanto à questão da vida fora da Terra, a resposta ainda é negativa. Um dos casos mais comentados ocorreu em abril, quando o exoplaneta K2-18b ganhou destaque depois que um grupo de astrônomos afirmou ter encontrado na sua atmosfera a mais forte evidência já registrada da possibilidade de vida em outro mundo.
No entanto, outros especialistas questionaram esses resultados, reduzindo as expectativas de que finalmente houvesse uma confirmação de que não estamos sozinhos. Ainda assim, os pesquisadores seguem em busca de um planeta que se assemelhe à Terra, capaz de reunir condições que sustentem organismos vivos.
O universo abriga tanto planetas rochosos quanto gigantes gasosos semelhantes aos que compõem o nosso sistema solar, mas também apresenta mundos peculiares, completamente diferentes do que conhecemos.
Existem, por exemplo, planetas do tamanho de Júpiter que orbitam mais próximos de sua estrela do que Mercúrio orbita o Sol, além de casos em que um planeta orbita dois sóis, como o Kepler-16b, frequentemente comparado ao fictício planeta Tatooine da saga Star Wars.
Outro caso notável é o 14 Herculis c, o exoplaneta mais frio já registrado por imagem direta, com aproximadamente sete vezes a massa de Júpiter e temperaturas de cerca de menos 3,3 graus Celsius, o que é extremamente baixo quando comparado a outros planetas que podem atingir milhares de graus.
Há ainda planetas como o WASP-193b, maior que Júpiter, mas com densidade extremamente baixa, semelhante à leveza de um algodão-doce, e mundos hostis como o WASP-107b, onde nuvens de areia na alta atmosfera precipitam em forma de chuva.
Apesar da diversidade e do volume impressionante de descobertas, como a própria NASA afirma em seus materiais de divulgação, ainda falta encontrar um planeta idêntico à Terra. Pelo menos, até agora.
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