domingo, setembro 7, 2025
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Poesias inéditas de Helena Kolody serão lançadas em Curitiba

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A poetisa paranaense Helena Kolody (1912-2004), que ficou marcada na literatura como a escritora mais elegante do século passado, sempre ostentava no pescoço um colar de pérolas, considerada uma das vozes mais representativas da poesia produzida no Paraná, será homenageada no III Festival da Palavra de Curitiba, agendado para ocorrer entre os dias 10 e 14 de setembro, com o lançamento da obra Appassionata, que reúnte textos inéditos.

Na abertura do Festibal da Palavra já haverá atividades dedicas à escritora incluindo leituras comentadas por escritores paranaenses e brasileiros, debates sobre a trajetória literária e claro, Appassionata.

O festival, realizado anualmente, busca valorizar a palavra em suas múltiplas formas de expressão e integrar diferentes linguagens artísticas. A programação prevê mesas de discussão, oficinas, apresentações musicais, intervenções cênicas e encontros com autores nacionais e internacionais, ampliando os diálogos entre literatura, teatro e artes visuais.

A curadoria desta edição está sob responsabilidade da escritora Luci Collin, que destacou a relevância da palavra como elemento capaz de provocar reflexão, emoção e encantamento. A escolha de Helena Kolody reforça esse propósito, já que sua produção lírica atravessou décadas e conquistou leitores de diferentes gerações.

Nascida em Cruz Machado e radicada em Curitiba, Kolody publicou sua primeira coletânea em 1941 e manteve atuação constante em revistas literárias, saraus e projetos educacionais. Foi também a primeira mulher a integrar a Academia Paranaense de Letras. Sua obra continua sendo estudada em escolas e universidades, mantendo presença no cenário cultural brasileiro.

Para que o público conheça um pouco mais sobre o universo da autora, no dia 13, às 18h30, no Memorial de Curitiba, será realizado o encontro Viva Helena – Homenagem a Helena Kolody, reunindo os autores Estrela Leminski, Hamilton Faria, Paulo Venturelli e Eduardo Kolody (sobrinho-neto e responsável pelo acervo deixado pela poetisa). A mediação será de Rita Cassitas.

É neste dia que será lançado o livro inédito Appassionata, encontrado em seu acervo anos depois de sua morte. O livro reúne poemas de amor que escreveu para o escritor curitibano Hebert van Erven, de quem chegou a ficar noiva, mas quis o destino que permanecessem apenas bons amigos, trocando correspondências sobre assuntos literários. Helena fez questão de nunca publicá-los em vida. Ao resgatar a obra, Eduardo Kolody cuidou da sua edição pela editora Arte & Letra.

Neste encontro, haverá também leitura de poemas de Helena Kolody pelos atores Eduardo Ramos e Ciliane Vendruscolo, e sessão de autógrafos do livro “Investindo no Próprio Tom”, de Paulo Venturelli. O professor e escritor paranaense mergulhou no universo da homenageada e, no livro, faz uma análise aprofundada de sua obra. Em um dos capítulos, apresenta uma entrevista concedida a ele, em que a poetisa fala de sua trajetória e suas memórias afetivas. O livro também reúne comentários críticos sobre a obra de Helena Kolody.

Outra oportunidade de se aproximar da sua poesia é a roda de leitura Olhos azuis, sangue e pinheiro, dia 12, às 14h, no Memorial Paranista. O escritor Amarildo Anzolin orienta a atividade de leitura com trechos de contos de Dalton Trevisan e poemas de Helena Kolody inseridos no Movimento Paranista. De acordo com Anzolin, Helena tem uma obra afinada com alguns aspectos do movimento, e Dalton, apesar de participante temporal, foi figura crítica à manifestação.

A homenagem se estende à transmissão de um vídeo com poemas de Helena Kolody, no Coreto Digital do Passeio Público, nos quatro dias do festival. Nos dias 13 e 14, às 11h, naquele local, haverá declamação de poemas por Ciliane Vendruscolo e Eduardo Ramos.

Resgate literário

Eduardo Kolody tinha 22 anos quando a tia-avó faleceu em 2004. Mas para ele, Helena era a sua avó, dada a convivência muito próxima e os fortes laços afetivos, que acabaram por influenciá-lo em seus gostos e escolhas pelos livros. Historiador, músico e produtor, Eduardo assumiu a missão de preservar e divulgar a obra de Helena Kolody, inicialmente fazendo um inventário do acervo de livros e manuscritos, e depois produzindo um site e um museu virtual sobre a escritora.  

O propósito do historiador é que Helena Kolody seja reconhecida nacional e internacionalmente. “Parte do meu trabalho é amplificar a divulgação de sua obra para além do Paraná”, diz Eduardo. “No Paraná, Helena é onipresente. Encontramos referências sobre ela em murais, escolas, bibliotecas, sempre tem alguém citando frases e poemas dela. Mas fora do estado Helena não teve a merecida projeção, talvez por ser muito alheia à autopromoção”, avalia.

Eduardo conta que Helena era uma espécie de “hub” dos poetas locais, que enviavam seus textos para que ela comentasse, analisasse, fizesse apontamentos. “Ela foi a primeira mulher a escrever haicais no Brasil. Foi ela que apresentou essa forma de poesia para Paulo Leminski”, conta. O historiador também destaca a relação de Helena com Cecília Meirelles, Andrade Muricy, Dalton Trevisan e outros que, ao contrário, tiveram uma produção literária reconhecida no país.

Firme na missão de propagar a qualidade literária da autora paranaense, Eduardo fez no ano passado o primeiro relançamento de uma obra de Helena Kolody. O livro Reika, com poemas da edição original (de 1993) acrescidos de outros inéditos, foi lançado em Brasília, Goiânia, São Paulo, Campinas e na Flip 2025 (Festa Literária Internacional de Paraty).

Poeta da luz

Filha de imigrantes ucranianos, Helena Kolody nasceu em Cruz Machado, no Sul do Paraná, em 1912, e morreu em Curitiba, aos 91 anos, em 2004. Fez o curso primário em Rio Negro. Com 12 anos, escreveu seus primeiros versos e com 16 publicou o poema “A Lágrima”. Nesse mesmo ano ingressou na Escola Normal de Curitiba (atual Instituto de Educação do Paraná), onde mais tarde foi professora e lecionou por 23 anos.

Em 1941, Helena Kolody publicou seu primeiro livro, Paisagem Interior, classificado em segundo lugar no concurso de poesia realizado pela Sociedade de Homens de Letras do Rio de Janeiro. Em 1949, o livro A Sombra do Rio recebeu o terceiro lugar no concurso de livros do Centro de Letras do Paraná, e o Prêmio Ismael Martins. Nessa época, sua obra ganha grande repercussão no cenário literário brasileiro.

Ao longo de sua carreira, publicou mais de 20 livros, entre eles, Poesias Completas (1962), Infinito Presente (1980), Sempre Palavra (1985), Poesia Mínima (1986), Ontem Agora (1991), Luz Infinita (1992), Viagem no Espelho (1998) e Reika (1993). Recebeu ao longo de sua vida diversas homenagens e condecorações e teve sua obra registrada no teatro, na música e no cinema.  

Helena Kolody recebeu o Diploma de Mérito Literário da Prefeitura de Curitiba (1985). Foi tema do curta-metragem Babel da Luz, de Sylvio Back, premiado no 25º Festival de Cinema de Brasília. O compositor Henrique de Curitiba (Henrique Morozowicz) escreveu a peça Um ciclo de canções paranaenses: Seis poemas de Helena. Em 1992, ingressou na Academia Paranaense de Letras e, em 2003, recebeu o título de “Doutora Honoris Causa” pela Universidade Federal do Paraná.

Serviço

III Festival da Palavra de Curitiba – 10 a 14 de setembro

Homenagem a Helena Kolody
13/9, às 18h30
Local: Teatro do Memorial de Curitiba – Rua Claudino dos Santos, 79 – São Francisco
Viva Helena – homenagem a Helena Kolody, com Eduardo Kolody, Estrela Leminski, Hamilton Faria e Paulo Venturelli. Mediação de Rita Cassitas

Inclui:
Lançamento do livro inédito Appassionata
Sessão de autógrafos do livro Investindo sobre o Próprio Tom, de Paulo Venturelli, sobre Helena Kolody
Leitura de poemas por Eduardo Ramos e Ciliane Vendruscolo


Roda de Leitura – Olhos azuis, sangue e pinheiros

12/9, às 14h
Local: Memorial Paranista – Parque São Lourenço, Rua Mateus Leme, 4700 – São Lourenço
Com Amarildo Anzolin


Leitura de poemas de Helena Kolody

13 e 14/9, às 11h
Local: Coreto Digital – Passeio Público – Centro
Com Eduardo Ramos e Ciliane Vendruscolo

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