Todos os anos, muitas pessoas escrevem listas de resoluções para se tornarem uma versão melhor de si mesmas no ano novo, e parar de fumar costuma estar no topo dessas metas. No entanto, nem todos conseguem alcançar esse objetivo, principalmente por não estarem devidamente preparados para enfrentar o processo de abandono do vício.
Uma pesquisa recente mostrou que o impacto do cigarro na saúde é ainda mais grave do que se imaginava. Estima-se que cada cigarro fumado reduz em média 20 minutos da expectativa de vida, o que significa que um maço com 20 cigarros representa quase sete horas a menos de vida. Mas há esperança: segundo o mesmo levantamento, se um fumante deixar o cigarro em 1º de janeiro, até 20 de fevereiro ele pode recuperar uma semana de vida, e ao permanecer o ano inteiro sem fumar, pode evitar a perda de até 50 dias de vida.
A criação de um plano personalizado é fundamental, seja optando pela interrupção imediata, conhecida como método “parar de vez”, ou pela redução gradual do consumo. O primeiro passo é observar os próprios hábitos para entender como o cigarro se encaixa no dia a dia e o que será necessário mudar.
É recomendável anotar quantos cigarros são consumidos diariamente, identificar os momentos em que surge a vontade de fumar e refletir sobre as razões que levam ao uso do tabaco, sejam elas ligadas ao estresse, à rotina ou à repetição de um hábito adquirido há muitos anos. Ter clareza sobre os motivos para parar também ajuda a manter o foco, seja pela própria saúde, pela convivência com os filhos ou por outra razão significativa.
Os efeitos do cigarro no organismo são amplamente documentados. O tabagismo está associado ao câncer, doenças cardíacas, derrame cerebral, problemas pulmonares, diabetes e doença pulmonar obstrutiva crônica, que inclui bronquite crônica e enfisema. Além disso, aumenta o risco de tuberculose, problemas de visão, doenças autoimunes como a artrite reumatoide e prejudica o sistema imunológico.
Fumar à noite pode provocar insônia, e noites mal dormidas desencadeiam problemas como obesidade e doenças cardíacas. A fumaça passiva também é altamente prejudicial, principalmente para crianças, sendo responsável por aproximadamente 400 mortes infantis por ano.
Definir metas claras auxilia no processo. Em vez de mirar apenas no objetivo final de parar de fumar, pode ser mais viável estabelecer pequenas conquistas, como passar um fim de semana sem fumar, reduzir progressivamente os dias de consumo e se recompensar a cada etapa cumprida. Algumas pessoas preferem parar de uma vez, mas a adaptação gradual também se mostra eficaz.
O uso de terapias de reposição de nicotina, como adesivos ou gomas, é um recurso validado por diversos estudos e pode ajudar a controlar a abstinência. Em paralelo, há medicamentos prescritos por médicos, como a vareniclina (conhecida comercialmente como Chantix) e o bupropiona (Zyban), que demonstraram resultados relevantes em pesquisas, com taxas de sucesso superiores a 40% em determinados estudos. É importante consultar um profissional de saúde para avaliar a opção mais adequada.
Criar uma rede de apoio também faz diferença. Compartilhar o objetivo com familiares e amigos confiáveis permite contar com incentivo nos momentos mais difíceis, pedindo, por exemplo, que não fumem por perto ou que ofereçam palavras de encorajamento. Além disso, é possível buscar comunidades presenciais ou online, como grupos de apoio a fumantes em processo de abandono, além do acompanhamento médico ou psicológico, que pode fornecer orientações adicionais e motivação com base nos benefícios já conquistados pelo corpo durante a redução do tabaco.
Durante o processo, é comum enfrentar sintomas de abstinência, como irritação, ansiedade, fome, tristeza e dificuldade para dormir, além de possível ganho de peso. Esses efeitos, embora desconfortáveis, são esperados. A prática de atividades físicas é uma aliada recomendada, já que ajuda a controlar a ansiedade, melhora o humor pela liberação de endorfina e canaliza a energia em algo positivo.
Por fim, celebrar as vitórias é essencial. Reconhecer o primeiro dia sem cigarro, a primeira semana ou o primeiro mês cria um estímulo a continuar. Recompensas simples, como um jantar especial, um passeio, uma massagem ou a compra de algo desejado, funcionam como incentivos extras. Com um plano consistente, apoio adequado e determinação, é possível não apenas parar de fumar, mas também recuperar qualidade e tempo de vida.