Embora a quimioterapia continue sendo um dos pilares no tratamento do câncer de pulmão, ela frequentemente enfraquece o sistema imunológico, o mesmo que deveria contribuir para o controle prolongado da doença. Pesquisadores descobriram uma forma de transformar essa fragilidade em vantagem, realizando transplante de mitocôndrias saudáveis diretamente no ambiente tumoral.
Em casos avançados de câncer de pulmão de não pequenas células (CPNPC), a combinação do transplante mitocondrial com o quimioterápico cisplatina não apenas aumentou a infiltração de células imunológicas, mas também reverteu o metabolismo tumoral e ampliou a eficácia do medicamento. A abordagem inovadora converte as mitocôndrias de meros fornecedores de energia para aliadas ativas na terapia contra o câncer, com potencial de mudar a forma como tumores pulmonares agressivos são tratados.
O câncer de pulmão é responsável por mais mortes do que qualquer outro tipo de câncer no mundo, e o CPNPC representa 85% dos casos. A quimioterapia é o tratamento de primeira linha para casos avançados, mas sua eficácia é limitada pelos efeitos colaterais tóxicos e pelo desenvolvimento de resistência. Além disso, ela danifica células imunológicas e reduz sua presença no microambiente tumoral, dificultando o controle prolongado da doença.
Agravando o cenário, tumores podem sequestrar as mitocôndrias dessas células por meio de estruturas semelhantes a nanotubos, enfraquecendo ainda mais a imunidade. A imunoterapia melhorou a resposta para alguns pacientes, mas muitos ainda não apresentam resultados satisfatórios. Esses desafios evidenciam a necessidade urgente de estratégias que restaurem a força imunológica e o equilíbrio metabólico durante a quimioterapia.
Pesquisadores, publicaram um estudo propondo um método inovador para o tratamento do CPNPC avançado. Eles investigaram se o transplante direto de mitocôndrias funcionais poderia potencializar os efeitos da quimioterapia. Ao combinar mitocôndrias saudáveis com cisplatina, o objetivo foi não apenas melhorar a resposta tumoral, mas também restaurar a força do sistema imunológico no interior do microambiente tumoral. Os resultados representam um avanço no desenvolvimento de tratamentos integrativos que reforçam simultaneamente a função celular e a imunidade.
As mitocôndrias foram isoladas de cardiomiócitos humanos, células conhecidas por sua alta capacidade de produção de energia, e transplantadas para modelos tumorais de CPNPC, tanto em experimentos de laboratório quanto em animais vivos. Sozinho, o transplante mitocondrial não afetou diretamente as células cancerígenas, mas, em combinação com a cisplatina, houve amplificação significativa na supressão tumoral.
Essa sinergia reduziu a concentração necessária de cisplatina para inibir 50% das células cancerosas de 12,93 micromoles para 6,7 micromoles, evidenciando maior sensibilidade ao fármaco. Em modelos animais, os tumores encolheram de forma mais expressiva com a terapia combinada do que apenas com quimioterapia, e houve aumento notável da infiltração de células de defesa.
A análise do perfil de expressão genética revelou uma alteração marcante no metabolismo tumoral: redução na atividade de genes ligados à glicólise e à hipóxia, e aumento de vias relacionadas à fosforilação oxidativa, revertendo o chamado “efeito Warburg”. Marcadores de proliferação celular, como Ki67 e P53, e de células-tronco tumorais, como HIF-1α, CD44 e CD133, também foram suprimidos.
Outro resultado importante foi a restauração da atividade mitocondrial em células imunológicas, o que fortaleceu a atuação de linfócitos T e células “assassinas naturais” (NK). O tratamento não provocou toxicidade adicional, mantendo o peso corporal e a integridade dos órgãos dos animais.
Segundo a pesquisadora principal, Dra. Liuliu Yuan, o estudo apresenta uma estratégia de ação dupla. Ao fornecer mitocôndrias funcionais às células imunológicas, não apenas se amplia sua energia, mas também se recupera a capacidade de combate. Ao mesmo tempo, as células tumorais se tornam mais vulneráveis à quimioterapia. Para a pesquisadora, é como rearmar o sistema imunológico enquanto se desarma o tumor, oferecendo uma alternativa promissora para pacientes que não respondem bem aos métodos convencionais.
A descoberta estabelece as bases para um novo paradigma terapêutico, utilizando as propriedades únicas das mitocôndrias para potencializar os tratamentos contra o câncer. Em pacientes com CPNPC avançado, o transplante mitocondrial pode aumentar a eficácia dos quimioterápicos existentes e minimizar a supressão imunológica. Além do câncer de pulmão, essa técnica pode ser aplicada a outros tumores em que a disfunção imunológica e a reprogramação metabólica dificultam o sucesso terapêutico.
Com avanços adicionais e ensaios clínicos, o transplante de mitocôndrias pode evoluir para uma plataforma versátil de terapias combinadas, permitindo que a medicina supere as limitações atuais no combate ao câncer e avance para uma nova era de restauração bioenergética e imunológica.
Leia também notícias que bombam no Jornal Paraná:
Deu para ti Odair Hellmann, vai para Porto Alegre, tchau
Morto com mais de 60 tiros em Marialva
Autor de disparo contra vizinha no Tatuquara vai em cana
Horóscopo de 12 de agosto de 2025
Inscreva sua criança para o Circuito Infantil de Corridas de Rua 2025 neste fim de semana
Temperaturas continuarão baixas até a próxima semana
Comidas que você desconhece que podem ir pro freezer
Saiba tudo que acontece na política lendo o Blog do Tupan, parceiro do Jornal Paraná:
Licitação do transporte coletivo ficará para 2026
Curitiba perdeu vermelhões com os ligeirões nas canaletas
Modelo proposto por Rafael Greca elevaria passagem técnica de ônibus para R$ 16
Ogeny Maia não lê a mesma cartilha de Eduardo Pimentel
Qual empresa é favorita para vencer a licitação do transporte coletivo?
Quais são os outros do 1º escalão sem conexão com ideias de Eduardo Pimentel