Um novo ensaio clínico demonstrou que, ao seguir dietas com perfis nutricionais equivalentes, os participantes perderam o dobro de peso ao consumir alimentos minimamente processados em comparação com alimentos ultraprocessados. Os resultados derivam do primeiro estudo de intervenção a comparar esses dois tipos de dieta em condições reais de consumo, além de representar o experimento mais longo com dieta ultraprocessada até o momento.
O estudo envolveu 55 adultos divididos em dois grupos. Um grupo iniciou com uma dieta de oito semanas baseada em alimentos minimamente processados, como mingau de aveia preparado em casa e espaguete à bolonhesa feito do zero. Após um intervalo de quatro semanas em que retornaram à alimentação habitual, passaram a consumir por oito semanas uma dieta baseada em alimentos ultraprocessados, como barras de aveia industrializadas e lasanha pronta. O segundo grupo seguiu a ordem inversa. Cinquenta participantes completaram ao menos uma das dietas.
Dos alimentos fornecidos foram incluídos aqueles com níveis controlados de gordura total, gordura saturada, proteínas, carboidratos, sal e fibras, além de fornecer as quantidades recomendadas de frutas e vegetais. Os participantes recebiam uma quantidade abundante de alimentos em casa, com valor energético acima do necessário, e foram orientados a comer conforme sua vontade habitual, sem qualquer restrição calórica imposta.
Ao final de oito semanas com cada dieta, ambos os grupos apresentaram perda de peso, atribuída à melhora na qualidade nutricional em relação à dieta normal de cada participante. No entanto, a redução foi mais acentuada com a dieta minimamente processada, com uma média de perda de 2,06% do peso corporal, em comparação com 1,05% na dieta ultraprocessada. Isso corresponde a um déficit calórico estimado de 290 calorias por dia na dieta minimamente processada, contra 120 calorias por dia na dieta ultraprocessada. A recomendação é de que a ingestão diária de energia seja de aproximadamente 2.000 calorias para mulheres e 2.500 calorias para homens.
A maior redução de peso observada com os alimentos minimamente processados resultou principalmente da diminuição da massa de gordura e da água corporal total, sem alterações na massa muscular ou na massa livre de gordura, o que indica uma composição corporal mais favorável.
Segundo os pesquisadores, seguir as diretrizes nutricionais oficiais com a escolha de alimentos menos processados pode ser mais eficaz para a perda de peso. Samuel Dicken, primeiro autor do estudo, explicou que o objetivo da pesquisa foi investigar o papel do grau de processamento dos alimentos dentro do contexto das recomendações alimentares já estabelecidas, e como esse fator influencia o peso corporal, a composição corporal, a pressão arterial e aspectos subjetivos como o controle de desejos alimentares.
Os dados mostraram que, embora ambos os regimes tenham levado à redução de peso, o efeito foi quase duas vezes maior com a dieta minimamente processada. Dicken observa que uma redução de 2% em oito semanas, sem qualquer tentativa ativa de reduzir o consumo, pode parecer modesta, mas ao ser projetada para um ano, pode resultar em perda de peso estimada de 13% para homens e 9% para mulheres na dieta minimamente processada, em comparação com 4% para homens e 5% para mulheres na dieta ultraprocessada.
Os participantes responderam a questionários para medir seus níveis de desejo por alimentos antes do início de cada dieta e nas semanas quatro e oito de cada ciclo. Observou-se uma melhora significativa no controle dos desejos alimentares durante a dieta minimamente processada, mesmo com aUm novo ensaio clínico demonstrou que, ao seguir dietas com perfis nutricionais equivalentes, os participantes perderam o dobro de peso ao consumir alimentos minimamente processados em comparação com alimentos ultraprocessados. Os resultados derivam do primeiro estudo de intervenção a comparar esses dois tipos de dieta em condições reais de consumo, além de representar o experimento mais longo com dieta ultraprocessada até o momento.
Os participantes responderam a questionários para medir seus níveis de desejo por alimentos antes do início de cada dieta e nas semanas quatro e oito de cada ciclo. Observou-se uma melhora significativa no controle dos desejos alimentares durante a dieta minimamente processada, mesmo com a maior perda de peso, o que normalmente poderia aumentar o apetite. Os relatos indicaram uma melhora duas vezes maior no controle geral dos desejos, quatro vezes maior no controle sobre desejos por alimentos salgados e quase duas vezes maior na resistência ao alimento mais desejado.
Chris van Tulleken, coautor do estudo, destacou que o atual sistema alimentar global contribui para problemas de saúde relacionados à dieta e obesidade, impulsionado pela oferta generalizada de alimentos baratos e nutricionalmente pobres. Ele argumenta que os resultados reforçam a relevância do grau de processamento dos alimentos como fator determinante na saúde pública, além dos componentes como sal, açúcar e gordura. Van Tulleken defende uma mudança de foco das políticas públicas, afastando-se da responsabilização individual e direcionando atenção aos fatores ambientais da obesidade, como a influência de grandes corporações alimentares. Ele sugere medidas como rotulagem de advertência, restrições de marketing, taxações progressivas e subsídios que tornem dietas saudáveis mais acessíveis e desejáveis.
Outros parâmetros de saúde também foram monitorados, como pressão arterial, frequência cardíaca e marcadores sanguíneos associados à função hepática, glicemia, colesterol e inflamação. Não foram identificados grandes efeitos negativos relacionados à dieta ultraprocessada nesses aspectos, sendo observadas algumas melhoras ou ausência de alterações em comparação à linha de base. Os pesquisadores alertam, no entanto, que seriam necessários estudos de maior duração para avaliar com maior precisão esses indicadores em relação à perda de peso e de gordura corporal.
Rachel Batterham, autora sênior do estudo, explicou que os hábitos alimentares habituais dos participantes estavam fora das diretrizes recomendadas e incluíam uma proporção acima da média de alimentos ultraprocessados, o que pode justificar por que a transição para uma dieta experimental composta apenas por alimentos ultraprocessados, mas com equilíbrio nutricional, não causou impactos negativos relevantes em alguns marcadores de saúde.
Para a população em geral, Batterham recomenda seguir as diretrizes nutricionais ao máximo, moderando a ingestão total de energia, limitando o consumo de sal, açúcar e gordura saturada, e priorizando alimentos ricos em fibras como frutas, legumes, leguminosas e oleaginosas. Escolher opções menos processadas e preparar os alimentos em casa, em vez de optar por produtos industrializados e refeições prontas, tende a trazer benefícios adicionais para o peso corporal, a composição física e a saúde geral.
Estes tópicos estão fervendo no Jornal Paraná:
Sem terras vão invadir a Alep e a UFPR
Renato Freitas vai para o paredão nos próximos 30 dias
Ladrões que derrubavam estações de telefonia são presos
Conservatório de MPB retoma agenda cultural com shows gratuitos
Leia esses tópicos políticos no Blog do Tupan, parceiro do Jornal Paraná:
Mudança no Código de Ética ainda tem um longo caminho a percorrer
Castro recebe sessão da Assembleia Itinerannte
Eduardo Pimentel e Ratinho Junior apostam no futuro de Paulo Martins