segunda-feira, julho 28, 2025
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O que faz alguns cometas serem esverdeados

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Uma das constatações mais marcantes da astronomia nas últimas décadas é a quantidade surpreendente de objetos que compõem o nosso sistema solar. Se antes o imaginávamos como formado apenas pelo Sol, alguns planetas e o cinturão de asteroides, hoje sabemos que há milhões de corpos além da órbita de Netuno (na chamada Cintura de Kuiper), e ainda há muito a ser descoberto, como o hipotético Planeta X.

Alguns desses objetos distantes ocasionalmente se aproximam das regiões internas do sistema solar, como é o caso de certos cometas que percorrem órbitas extremamente longas, viajando bilhões de quilômetros ao longo de dezenas de milhares de anos. Um desses cometas chamou atenção recentemente por apresentar uma tonalidade verde bastante distinta, mas afinal, o que faz um cometa ter determinada cor?

A tonalidade verde observada em alguns cometas está relacionada à composição química desses corpos. O chamado coma do cometa, que é uma espécie de “atmosfera” de poeira e gás que envolve o núcleo, só se forma quando o cometa se aproxima do Sol, geralmente a partir da órbita de Marte. A maior proximidade com o calor solar faz com que o gelo do cometa derreta, liberando materiais voláteis. A radiação solar então provoca transições atômicas nos gases presentes no coma.

No caso do cometa C/2022 E3 (ZTF), a luz solar incide sobre moléculas de carbono diatômico presentes na fina atmosfera que envolve o núcleo, dividindo-as em átomos individuais de carbono. Esse processo é o responsável pelo brilho esverdeado ao redor da “cabeça” do cometa. Já a cauda de poeira costuma manter uma coloração esbranquiçada, enquanto a cauda de gás mais tênue tende a apresentar tonalidades azuladas.

Outros cometas também já exibiram coloração verde, como o C/2007 N3 Lulin, o C/2014 Q2 Lovejoy e o C/2021 A1 Leonard, todos devido ao mesmo fenômeno. Dependendo da composição dos gases no coma, alguns cometas podem também exibir tons azulados, azul-esverdeados ou até avermelhados.

Embora manchetes possam ter apresentado o C/2022 E3 (ZTF) como um “raro cometa verde”, é importante separar essas duas características. O verde não é raro, vários cometas apresentam essa coloração ao se aproximarem do Sol. Mas o C/2022 E3 (ZTF) é sim um cometa raro por causa de sua órbita extremamente longa, estimada em cerca de 50 mil anos. Isso significa que nossos antepassados humanos, dezenas de milhares de gerações atrás, talvez tenham sido os últimos a vê-lo. E, segundo cálculos, ele pode nunca mais retornar ao nosso sistema solar.

Portanto, apesar de ser relativamente comum que cometas apresentem tons esverdeados ao passarem próximos à Terra, sua visibilidade e frequência dependem da composição química herdada desde os primórdios do sistema solar, ainda durante o Big Bang e os processos que moldaram nossa vizinhança cósmica.

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