Apesar de atualmente existir apenas uma espécie de hominídeo no planeta,o Homo sapiens, a família humana já foi composta, ao longo da história geológica recente da Terra, por uma variedade complexa de membros. Para entender melhor esse passado, cientistas têm escavado sítios arqueológicos ao redor do mundo em busca de vestígios desses antigos parentes humanos.
Agora, antropólogos da Academia Chinesa de Ciências e da Universidade do Havaí apresentam um novo capítulo, até então não categorizado, dessa história ao proporem a existência de uma nova espécie humana: Homo juluensis. O nome, que pode ser traduzido como “cabeça grande”, refere-se a características cranianas distintivas da espécie, que teria vivido no leste da Ásia entre cerca de 300 mil e 50 mil anos atrás, quando foi extinta. Segundo os pesquisadores, esses hominídeos provavelmente caçavam cavalos selvagens, confeccionavam ferramentas de pedra e tratavam peles de animais para enfrentar os invernos rigorosos.
De acordo com Christopher J. Bae, a descoberta desse possível novo ramo da linhagem humana surgiu quando sua equipe elaborava um novo sistema de organização para os fósseis encontrados na região. “Embora tenhamos iniciado esse projeto há vários anos, não esperávamos chegar ao ponto de propor uma nova espécie de hominídeo e, ao mesmo tempo, reorganizar os fósseis de hominídeos da Ásia em diferentes grupos”, afirmou Bae em comunicado. Ele explica que esse estudo ajuda a esclarecer um registro fóssil que normalmente agrupa qualquer espécime que não se encaixe claramente nas categorias de Homo erectus, Homo neanderthalensis ou Homo sapiens.
Um possível representante dessa nova espécie não é exatamente desconhecido da ciência. Os Denisovanos, identificados pela primeira vez em 2010 por meio de DNA extraído de um osso de dedo de uma jovem encontrado na Sibéria, nunca foram oficialmente classificados como uma espécie distinta. Bae acredita que eles podem, na verdade, pertencer ao H. juluensis.
Essa proposta também pode ajudar a solucionar o enigma dos fósseis hominídeos de Xujiayao, que há tempos confundem os cientistas por apresentarem uma combinação de traços de H. erectus e H. sapiens. Um estudo sugere que esses restos, antes atribuídos a diferentes classificações taxonômicas, revelam um padrão distinto: diferenças significativas no crânio (particularmente grande), nos dentes, mandíbulas e em outras estruturas, sugerindo que representam uma nova espécie. Entre os fósseis analisados estão o Penghu 1 (mandíbula), o Xiahe (mandíbula), os crânios parciais de Xuchang e uma variedade de fósseis da caverna de Denisova.
Apesar dos indícios convincentes de que esses espécimes pertencem a uma espécie humana ainda não reconhecida formalmente, os pesquisadores reconhecem que são necessárias mais análises antes que a comunidade científica adote oficialmente o novo nome. No entanto, como esses fósseis continuam desafiando as classificações existentes, parece apenas uma questão de tempo até que a tribo dos hominídeos ganhe um novo integrante, ou até mais de um.
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