Por décadas, cientistas têm debatido como Marte chegou ao estado atual. Muitos acreditam que a superfície do planeta vermelho já foi coberta por rios e oceanos. Mas, se isso realmente aconteceu, o que teria acontecido com toda a água marciana? Pesquisas recentes podem alterar profundamente o entendimento sobre esse vizinho planetário do Sistema Solar.
Segundo um novo, dados obtidos pelo rover Curiosity, da NASA, podem ser cruciais para desvendar a história completa de Marte. Embora algumas teorias defendam que o planeta já foi coberto por água e evoluiu para se tornar o deserto seco que conhecemos hoje, essa nova pesquisa sugere um cenário diferente: Marte teria sido, desde o início, um planeta predominantemente árido, com períodos esporádicos de maior presença de água.
O estudo propõe que, em vez de ter sido um ambiente habitável de forma contínua, como a Terra, Marte segue um padrão geológico natural mais voltado para condições desérticas. Essa hipótese pode transformar completamente a maneira como se interpreta o passado marciano, colocando em xeque a ideia de que o planeta foi, por um tempo, similar à Terra em termos de clima e hidrologia.
Essa perspectiva ganha ainda mais relevância considerando as semelhanças geológicas e químicas entre Marte e a Terra. Se for confirmado que o planeta vermelho sempre favoreceu um clima seco, isso exigirá uma reformulação nas abordagens científicas usadas para interpretar a superfície marciana, seus sedimentos e minerais, especialmente nas buscas por sinais de vida passada.
A principal razão para o interesse científico na água marciana é o contraste entre os sinais geológicos que indicam a presença passada de água e a atmosfera atual do planeta, que não parece ser capaz de sustentar esse tipo de ambiente. Para confirmar essas contradições, foi necessário identificar formações rochosas específicas. Esse tipo de evidência veio com a descoberta de rochas carbonatadas feita ainda neste ano pelo Curiosity. Essas rochas permitiram aos pesquisadores traçar um retrato mais detalhado do ciclo de carbono de Marte.
O ciclo de carbono observado em Marte é semelhante ao ciclo terrestre, que está diretamente ligado à manutenção da estabilidade climática e à habitabilidade do nosso planeta. Por isso, entender como esse ciclo opera em Marte pode fornecer pistas valiosas sobre sua evolução climática e geológica.
No entanto, para compreender completamente o que aconteceu com a água marciana e verificar in loco as hipóteses levantadas por essas descobertas, será necessário ir além dos rovers. A presença humana no planeta, ainda prevista para a próxima década por programas da NASA e outras agências espaciais, poderá ser fundamental para coletar dados mais precisos, realizar experimentos geológicos diretos e responder de forma definitiva se Marte já foi, de fato, um planeta aquático, ou se sempre foi um mundo seco e inóspito com breves capítulos de umidade em sua longa história.
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