A Polícia Federal deflagrou a Operação Chrysós, voltada ao desmantelamento de um esquema interestadual e transnacional que operava uma estrutura voltada à exploração de mão de obra em condições análogas à escravidão, aliada à produção clandestina de cigarros e à prática de crimes diversos, incluindo descaminho, falsificação de marcas, violação das relações de consumo, fabricação de substâncias nocivas à saúde, tráfico de pessoas e promoção de migração irregular.
A ofensiva contou com o apoio de auditores do Ministério do Trabalho e procuradores do Ministério Público do Trabalho, e teve como base decisões judiciais expedidas pela 1ª Vara Federal de Guaíra, no Paraná. No total, foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão e dois de prisão preventiva em endereços nos estados de São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul. Também foi executada uma ordem de sequestro de bens estimados em 20 milhões de reais, atribuídos ao núcleo financeiro da organização.
As investigações apontam que o grupo criminoso mantinha conexões diretas com aliciadores no Paraguai, responsáveis por recrutar cidadãos daquele país para atuarem como mão de obra em uma fábrica clandestina instalada em Ourinhos, no interior paulista. Os trabalhadores cruzavam a fronteira entre Paraguai e Brasil por vias terrestres, sobretudo pela região de Guaíra, e eram levados até o destino final por integrantes da quadrilha.
No interior da planta industrial, os operários estrangeiros eram mantidos em regime de confinamento, sem contato com o exterior e dormindo em alojamentos improvisados, sob condições insalubres. A jornada se estendia por turnos exaustivos, sem folgas ou pausas, o que caracterizou, segundo os investigadores, um ambiente de total submissão. A produção estimada da unidade chegava a 60 mil maços de cigarro por dia, volume que era escoado clandestinamente no mercado nacional.
Leia também: Bandidos são presos por porte ilegal de arma