As rotinas elaboradas de banho que viralizam nas redes sociais, com esfoliação diária, dupla limpeza, sabonetes antibacterianos e uma variedade de óleos e esfoliantes perfumados, têm preocupado especialistas em dermatologia. A dermatologista Olga Bunimovich, afirmou estar surpresa com a complexidade excessiva dessas práticas. De acordo com especialistas, tais procedimentos podem prejudicar a saúde da pele e impactar negativamente o meio ambiente, sendo em grande parte desnecessários.
A pele atua como uma das principais barreiras de proteção do corpo humano. Como ressalta a dermatologista Nicole Negbenebor, é essencial cuidar bem dela, mas exageros podem ter efeito contrário. A recomendação básica é simples: um banho diário com água morna, sabonete hipoalergênico e sem fragrância, seguido da aplicação de loção ou óleo hidratante com a pele ainda úmida, é o suficiente para manter a saúde da pele.
Ficar muito tempo sob o chuveiro ou usar água excessivamente quente pode remover os óleos naturais essenciais à função de barreira da pele, tornando-a propensa ao ressecamento e à irritação. No caso dos sabonetes, os indicados são os formulados para peles sensíveis. Os antibacterianos, apesar de populares, não são recomendados para o uso diário, pois ressecam excessivamente. Uma exceção são pessoas que sofrem de hidradenite supurativa, condição autoimune que provoca abscessos e lesões na pele, para quem esses produtos podem ter utilidade.
Os óleos corporais, quando aplicados após o banho com a pele ainda úmida, podem ajudar a manter a hidratação. É importante lembrar que eles atuam como selantes, e não como hidratantes em si: a água é o agente que realmente hidrata a pele, e o óleo ajuda a reter essa umidade. A dermatologista Lisa Akintilo, observa que muitas rotinas de cuidado com a pele negligenciam a hidratação após a limpeza.
Já a prática da “dupla limpeza”, muito difundida para cuidados faciais, especialmente na remoção de maquiagem, não deve ser estendida ao corpo. A técnica consiste no uso inicial de um produto de base oleosa, seguido de um limpador aquoso, e tem aplicação restrita. Bunimovich alerta que não é necessário aplicar sabonete em toda a extensão do corpo e recomenda lavar apenas as áreas íntimas e as dobras da pele.
A esfoliação também requer moderação. Ela ajuda a remover células mortas, mas, quando feita com frequência excessiva, pode causar danos, especialmente em pessoas com pele seca, eczema ou acne. Métodos manuais, como esfoliantes físicos e esponjas ásperas, devem ser usados com cautela. O surgimento de erupções cutâneas após a esfoliação é um sinal de excesso. Alternativas mais suaves, como produtos com ácido lático ou glicólico, podem ser utilizadas, mas não de forma contínua.
Além dos cuidados com a pele, há uma dimensão ambiental. Em estados que enfrentam estiagem de níveis moderados a severos, autoridades recomendam a redução no tempo de banho. Para manter a higiene e a saúde da pele, um banho rápido com água morna é geralmente suficiente, sem necessidade de etapas ou produtos em excesso.
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