Nossos oceanos enfrentam uma situação crítica. Eles vêm sofrendo com o aumento das temperaturas, o branqueamento dos recifes de coral e a elevação do nível do mar. Agora, cientistas alertam que a acidificação dos oceanos pode representar uma verdadeira bomba-relógio prestes a explodir. Até pouco tempo atrás, acreditava-se que a acidificação ainda não havia ultrapassado o chamado “limite planetário”, conceito utilizado para definir fronteiras dentro das quais a humanidade pode operar com segurança em relação a processos ambientais globais. No entanto, uma nova pesquisa aponta que esse limite já foi ultrapassado há pelo menos cinco anos.
Os pesquisadores afirmam que a acidificação dos oceanos representa uma ameaça iminente porque, à medida que o nível de acidez aumenta, os danos aos ecossistemas marinhos e às economias costeiras se tornam mais profundos e, em alguns casos, irreversíveis. A equipe de cientistas analisou dados detalhados sobre a composição química dos oceanos e verificou que, quanto mais profundos os estudos iam, mais preocupantes eram os resultados. Em profundidades de apenas 200 metros abaixo da superfície, o equivalente a cerca de 656 pés, 60% dos oceanos do planeta já ultrapassaram o que é considerado o limite seguro de acidificação. Isso significa que, mesmo em regiões próximas à superfície, os oceanos estão em níveis de acidez que comprometem o equilíbrio ecológico.
A acidificação oceânica é provocada principalmente pela absorção de dióxido de carbono (CO₂) da atmosfera. Quando o CO₂ entra em contato com a água do mar, ocorre uma reação química que forma o ácido carbônico, diminuindo o pH da água. Isso afeta diretamente organismos marinhos que dependem do carbonato de cálcio para formar conchas e esqueletos, como corais, moluscos e alguns tipos de plâncton. Além disso, o impacto da acidificação não se limita à biodiversidade marinha: ela afeta também populações humanas que dependem da pesca e do turismo costeiro.
Outros sinais preocupantes se acumulam. Pesquisas recentes revelam que 21% da superfície oceânica está perdendo acesso à luz solar, o que prejudica o processo de fotossíntese de algas marinhas e fitoplânctons, base da cadeia alimentar marinha. Em determinadas regiões, as águas oceânicas estão aquecendo até 400% mais rapidamente do que o esperado, resultado do aumento da emissão de gases de efeito estufa que provocam mudanças climáticas globais.
A única maneira cientificamente comprovada de reduzir a acidez dos oceanos é diminuir as emissões de dióxido de carbono na atmosfera. Muitos países já estão adotando medidas nesse sentido, mas as mudanças políticas e administrativas, como as ocorridas nos Estados Unidos durante o governo Trump, que reduziu o papel da Agência de Proteção Ambiental (EPA) e flexibilizou políticas de controle de carbono, dificultam avanços consistentes no combate à acidificação.
Apesar do cenário alarmante, ainda é possível manter a esperança de que medidas corretas sejam adotadas. A superação desse problema passa por decisões políticas baseadas em evidências científicas. Confiar no conhecimento acumulado por cientistas e pesquisadores é, sem dúvida, um caminho mais prudente do que continuar ignorando os alertas.