Assim como um carro precisa de manutenção regular a cada 8 mil quilômetros para continuar funcionando bem, o corpo humano também exige atenção constante, mesmo quando não há sinais evidentes de falha. No entanto, muitos só se preocupam com a saúde quando os sintomas começam a aparecer. De acordo com médico ortopedista Matthew Motisi, medidas preventivas tomadas agora podem garantir mais qualidade de vida no futuro. É importante que se façam consultas a cada tempo em tempo para avaliar a sua saúde. Existem formas simples de avaliar sua própria saúde em casa. A seguir, veja como fazer alguns testes para certas partes do corpo que revelam se você precisa buscar orientação médica.
Para testar a saúde da coluna, sente-se ereto em uma cadeira e apoie as mãos nos ombros. Gire lentamente a cabeça, o pescoço e os ombros para a direita e depois para a esquerda. Em seguida, curve-se para frente levando o queixo ao peito, depois incline-se para trás abrindo o peito e o pescoço. Por fim, em pé, use a mão direita para simular o alcance de um objeto em uma prateleira à esquerda, acima da cabeça; repita com a mão esquerda. Quanto mais você conseguir se movimentar sem dor ou rigidez, melhor. A ausência de desconforto ao torcer ou dobrar o tronco é um forte indicador da boa saúde da coluna, segundo o cirurgião ortopedista Michael Gardner, o ideal é fazer o teste em um momento neutro, sem músculos tensionados, como logo após acordar ou terminar um treino. A coluna é composta por vértebras e discos que vão do crânio até a lombar, e são especialmente vulneráveis à degeneração com o passar dos anos, sobretudo em pessoas com excesso de peso ou postura inadequada, como curvar-se sobre o celular ou o computador. Isso não só limita movimentos diários simples, mas também pode causar dores por compressão dos nervos da medula. Para melhorar a postura, mantenha as escápulas levemente contraídas e posicione o celular e monitor na altura dos olhos.
Exercícios regulares também ajudam: estudos mostram que quem pratica menos de uma hora de atividade física por semana apresenta maior degeneração na coluna torácica e lombar. A recomendação mínima é de 150 minutos semanais de exercício de intensidade moderada. Um alongamento criado por Gardner pode fortalecer a região: em quatro apoios no chão, com braços sob os ombros e joelhos sob os quadris, estenda a perna direita para trás com os dedos no chão e o braço esquerdo para frente. Alongue a coluna em direção à perna enquanto puxa com o braço. Mantenha por 10 segundos e troque os lados. Repita várias vezes ao menos três vezes por semana.
Para verificar a saúde do cérebro, pegue papel e caneta, escolha uma categoria ampla como frutas, animais ou programas de TV, e anote em um minuto o máximo de itens que lembrar. O ideal é listar mais de 21 itens; menos de 15 pode indicar problemas. Essa dificuldade de categorização é reconhecida como um possível sinal precoce de comprometimento cognitivo. Ainda que lapsos ocasionais de memória sejam normais com o envelhecimento, como esquecer nomes ou onde deixou o celular, é importante ficar atento às perdas e buscar ajuda médica se necessário. A saúde cerebral vai além da prevenção de doenças como o Alzheimer, pois influencia diretamente a capacidade de trabalhar, viajar e socializar por muitos anos. Evitar fatores prejudiciais como hipertensão, diabetes, depressão e sedentarismo é fundamental. Aprender algo novo, manter contato social e tratar doenças que afetam o cérebro ajudam mais do que suplementos ou programas digitais sem comprovação científica.
Um estudo recente mostrou que pacientes com comprometimento cognitivo leve ou demência inicial conseguiram estabilizar ou até melhorar as funções cerebrais após cinco meses de dieta vegana rica em vegetais, frutas, grãos integrais, soja e nozes, caminhadas diárias de 30 minutos, musculação três vezes por semana, práticas de meditação e encontros em grupo. Já o grupo que não fez mudanças no estilo de vida teve piora.
Para avaliar a saúde do coração, realize sua rotina cardiovascular habitual ou uma caminhada rápida e observe se está mais ofegante ou cansado do que costumava ficar há meses. Outro teste é medir a frequência cardíaca em repouso: com dois dedos sobre o pulso, conte os batimentos por 30 segundos e multiplique por dois. A maioria dos adultos deve ter entre 55 e 85 batimentos por minuto. Frequências consistentemente acima de 90 bpm podem indicar sobrecarga cardíaca. Ficar ofegante ou cansar mais cedo que antes pode ser um sinal precoce de doença cardiovascular, afirma o cardiologista Corey Bradley. Manter o sistema cardiovascular saudável reduz os riscos de infartos e AVCs e permite aproveitar melhor a vida. Embora as mulheres tenham tendência a desenvolver problemas cardíacos mais tarde que os homens, é fundamental adotar hábitos preventivos desde cedo.
Os cientistas ainda investigam genes relacionados a doenças cardíacas, mas por enquanto o melhor é manter hábitos saudáveis: dormir bem, controlar o estresse, praticar exercícios e adotar uma alimentação rica em proteínas, como iogurte grego e queijo cottage, dentro de uma dieta como a mediterrânea. Também é importante evitar exposição à poluição por ozônio e fumaça de queimadas, que podem prejudicar o coração.
Para checar a saúde das articulações, antes de sair da cama ou após ficar muito tempo sentado, observe se sente rigidez em alguma articulação. Durante um mês, examine diariamente as mãos e os joelhos em busca de vermelhidão ou inchaço, sinais que podem indicar artrite se persistirem por mais de uma hora ou ocorrerem repetidamente ao longo do mês. As articulações, apesar de sua resistência, se desgastam ao longo do tempo com o uso contínuo e a perda de cartilagem.
Lesões antigas também tornam essas áreas mais vulneráveis. O exercício regular é essencial, pois fortalece os músculos ao redor e reduz a pressão sobre as articulações. Atividades como natação e ciclismo são mais suaves, mas se não houver dor, não é necessário evitar esportes de impacto. De acordo com Motisi, o importante é manter os movimentos que você gosta. Perder peso reduz a pressão nas articulações; apenas 5 quilos a menos podem cortar pela metade o risco de osteoartrite no joelho. Evitar o uso prolongado de saltos altos e alternar entre ficar em pé e sentado ao longo do dia também ajuda. Incluir vegetais de folhas verdes na dieta oferece compostos benéficos e cálcio que protegem as articulações.
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