quarta-feira, junho 25, 2025
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Fungo amaldiçoado pode combater o câncer

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O fungo tóxico por trás da chamada “maldição” da tumba de Tutancâmon pode combater o câncer, segundo cientistas. O Aspergillus flavus é um mofo que cresce frequentemente em tumbas lacradas por muito tempo e pode causar problemas respiratórios fatais ou reações alérgicas em pessoas com o sistema imunológico comprometido. Acredita-se que tenha sido parcialmente responsável pelas mortes de várias pessoas que entraram em tumbas, incluindo a de Tutancâmon em 1923 e a do rei polonês Casimiro IV Jagiellon em 1973.

Agora, cientistas descobriram que seus esporos também são letais para células de leucemia e esperam iniciar testes em animais antes de avançar para ensaios com humanos. Segundo a professora em engenharia química e biomolecular Dra. Sherry Gao, a natureza oferece uma farmácia extraordinária, cabendo à ciência desvendar seus segredos. Ela lembra que os fungos nos deram a penicilina, e esses resultados indicam que ainda há muitos medicamentos naturais a serem descobertos.

O Aspergillus flavus pode permanecer dormente por séculos, tornando-se ativo apenas quando perturbado. Ele costuma crescer em cereais, que eram com frequência deixados como oferendas funerárias nos túmulos. Após a abertura da tumba de Tutancâmon, uma série de mortes precoces entre os membros da equipe de escavação, como o patrono britânico Lord Carnarvon, o financista George Jay Gould e o egiptólogo Arthur Mace, alimentou rumores de uma maldição do faraó. Especialistas, no entanto, passaram a teorizar que o fungo, adormecido por milênios, poderia estar envolvido nas mortes. Nos anos 1970, uma dúzia de conservacionistas entrou na tumba de Casimiro IV, na Polônia, e em poucas semanas, 10 deles morreram. Investigações posteriores revelaram a presença do Aspergillus flavus.

No novo estudo, os cientistas analisaram uma dúzia de cepas do fungo para verificar se produziam substâncias com potencial medicinal. Descobriram moléculas potentes contra o câncer, batizadas de asperigimicinas. Mesmo sem modificações, essas substâncias mostraram forte potencial médico contra células de leucemia. Ao combinar as asperigimicinas com uma molécula presente na geleia real, que nutre abelhas em desenvolvimento, os compostos mostraram desempenho comparável ao de medicamentos consagrados no tratamento da leucemia, como citarabina e daunorrubicina.

Os experimentos indicaram que as asperigimicinas atuam interrompendo o processo de divisão das células cancerosas, bloqueando a formação dos microtúbulos, essenciais para essa divisão. A equipe observou que esse efeito parece se restringir à leucemia, não tendo impacto significativo sobre outros tipos de câncer, como os de mama, fígado ou pulmão.

Os pesquisadores identificaram ainda grupos semelhantes de genes em outros fungos, sugerindo que há muitos compostos ainda desconhecidos com potencial medicinal. Isso levanta a hipótese de que soluções naturais específicas para diferentes tipos de câncer possam já existir na natureza. Os cientistas agora desejam investigar se outros fungos também produzem moléculas semelhantes.

A Dra. Qiuyue Nie, também do departamento de engenharia química e biomolecular, conta que, embora poucos compostos tenham sido encontrados até agora, quase todos apresentam certa bioatividade. Para ela, trata-se de uma área ainda inexplorada, com enorme potencial.

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