Pizza, hambúrgueres e outros pratos gordurosos costumam fazer parte frequente da alimentação durante a juventude, mas à medida que a idade avança, refeições com alto teor de gordura podem causar desconforto no sistema digestivo. Sentir náusea ou desconforto após consumir alimentos muito gordurosos não é incomum. Essa condição é conhecida como intolerância à gordura ou má absorção lipídica, e torna-se mais comum com o envelhecimento.
Segundo o médicos, o organismo sofre alterações com o passar dos anos, e a capacidade de quebrar e digerir gorduras é uma das funções que se deterioram. A dificuldade em digerir gorduras está relacionada a mudanças naturais do sistema digestivo. Com a idade, o esvaziamento gástrico torna-se mais lento, pois os alimentos gordurosos exigem mais tempo de digestão.
Isso faz com que eles permaneçam por mais tempo no estômago e no intestino delgado, tornando um processo antes automático em algo mais complexo para um sistema digestivo envelhecido.
O intestino depende de contrações musculares chamadas de peristaltismo para movimentar os alimentos ao longo do trato digestivo. Com o avanço da idade, essa movimentação pode enfraquecer.
A comparação é como uma esteira rolante que desacelera e acumula bagagens, dificultando o processo. Por isso, aquele prato frito que não causava problemas aos 25 anos pode se tornar um verdadeiro desafio aos 60.
Além da desaceleração dos músculos intestinais, há outros fatores que contribuem para essa intolerância. O fígado passa a produzir menos bile, um fluido digestivo fundamental na quebra das gorduras, principalmente as saturadas.
A acidez da bile é essencial para a emulsificação das gorduras, e sua redução compromete diretamente o processo digestivo.
O microbioma intestinal também sofre alterações com a idade. A diversidade de microrganismos presentes no sistema digestivo diminui, favorecendo bactérias que promovem inflamações e retardam a movimentação dos alimentos, aumentando a probabilidade de intolerância à gordura.
Outro fator relevante é a deterioração do revestimento intestinal. A produção de insulina, hormônio que regula os níveis de glicose no sangue, tende a cair com a idade, o que pode levar ao acúmulo de glicose no organismo e causar danos ao revestimento intestinal, dificultando ainda mais a absorção das gorduras.
Os sintomas da intolerância à gordura incluem náusea, refluxo, sensação geral de desconforto após as refeições e alterações nas fezes. Fezes com aspecto oleoso, espumoso, coloração clara ou odor particularmente forte podem indicar dificuldades na digestão lipídica. Nem todas as gorduras têm o mesmo impacto no organismo. De acordo com especialistas, a qualidade da gordura consumida faz diferença. Gorduras insaturadas de origem vegetal, como aquelas encontradas no abacate, azeite de oliva, nozes e sementes, tendem a ser menos prejudiciais ao sistema digestivo. Já alimentos ultraprocessados e ricos em gorduras saturadas ou trans, como batatas fritas, salgadinhos, embutidos e produtos de padaria, exigem mais energia para serem digeridos e tendem a causar mais inflamações.
O modo de preparo dos alimentos também influencia. Frituras profundas ou alimentos defumados intensificam os problemas associados aos alimentos ultraprocessados.
Apesar da intolerância à gordura ser considerada uma parte normal do envelhecimento, ela geralmente ocorre de forma esporádica, após refeições especialmente pesadas.
No entanto, sintomas persistentes ou graves podem indicar problemas mais sérios, como disfunções na vesícula biliar, insuficiência pancreática, má absorção de ácidos biliares, pré-diabetes ou síndrome do intestino irritável.
Por isso, é recomendável atenção constante ao que se consome. Observar como o corpo reage após cada refeição ajuda a identificar padrões.
Reduzir o consumo de alimentos fritos e gordurosos pode melhorar significativamente o bem-estar digestivo.
Incluir porções menores de alimentos ricos em gordura em combinação com vegetais e alimentos ricos em fibras pode ajudar na digestão, tornando o processo menos sobrecarregado para o sistema gastrointestinal.
Optar por fontes de gordura mais naturais e pouco processadas também contribui para a saúde geral. Substituir queijo ou bacon por abacate ou homus em lanches, ou cozinhar com azeite de oliva em vez de gordura animal, são alternativas recomendadas por nutricionistas.
Embora o consumo de alimentos ricos em gordura não precise ser totalmente eliminado, é prudente fazer escolhas mais conscientes e reduzir a frequência e o tamanho das porções.
Essa atitude favorece não só a digestão, mas também o estado geral de saúde, independentemente da idade.
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