domingo, junho 15, 2025
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Drone aquático encontra navio do século XVI no fundo do mar

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Arqueólogos descobriram, por acaso, o que consideram ser os restos de um navio mercante do século XVI a mais de 2,5 quilômetros de profundidade ao sul da França, no que se configura como o naufrágio mais profundo já encontrado tanto nessa região do Mediterrâneo quanto em qualquer outra área das águas territoriais francesas. Acredita-se que a embarcação tenha partido do norte da Itália carregada com cerâmicas e barras metálicas antes de afundar. Apesar de alguns resíduos modernos estarem misturados à carga submersa, encontrada a 2.567 metros abaixo do nível do mar, os pesquisadores demonstraram entusiasmo com o potencial arqueológico de um sítio amplamente preservado em seu estado original.

Segundo Arnaud Schaumasse, chefe do departamento de arqueologia subaquática do Ministério da Cultura da França, trata-se do naufrágio mais profundo já identificado em águas territoriais francesas. Imagens do local foram divulgadas pelo Departamento de Pesquisa Arqueológica Subaquática e Submarina da França, que informou que a embarcação foi encontrada durante uma operação militar de exploração do leito marinho. O navio foi localizado por um drone submarino no início de março, próximo a Saint-Tropez, no sudeste da França. De acordo com o vice-prefeito marítimo Thierry de la Burgade, o sonar detectou algo de grandes proporções, o que motivou o retorno ao local com câmeras e, posteriormente, com um robô subaquático que capturou imagens de alta qualidade.

O drone fazia parte de um projeto governamental de exploração e monitoramento dos recursos marinhos profundos da França, como minerais e cabos submarinos de internet. A arqueóloga Marine Sadania informou que foram encontrados cerca de 200 jarros com bicos pinçados no local que os pesquisadores batizaram de “Camarat 4”. Alguns desses recipientes trazem o monograma “HIS”, as três primeiras letras do nome de Jesus em grego, ou estão decorados com padrões geométricos ou inspirados em plantas, o que sugere que são provenientes da região da Ligúria, no atual norte da Itália.

De acordo com o Departamento de Pesquisa Arqueológica Subaquática e Submarina, o sítio Camarat 4 é uma descoberta notável por sua profundidade, seu caráter inédito e pela oportunidade que oferece para estudar um naufrágio do século XVI praticamente intacto. Também foram identificadas pilhas de cerca de 100 pratos amarelos, dois caldeirões, uma âncora e seis canhões. Resíduos modernos, como uma lata de refrigerante e um pote de iogurte vazio, também foram avistados. Uma das imagens divulgadas mostra uma lata de alumínio próxima a uma âncora.

Ainda assim, segundo Sadania, o local permaneceu intacto graças à profundidade que impediu a recuperação ou o saque dos objetos, como se o tempo tivesse congelado, o que é excepcional. Nos próximos dois anos, a equipe planeja criar uma versão digital em 3D do navio e extrair amostras do local para estudos mais detalhados, com a intenção de devolvê-las ao domínio público posteriormente. Conforme o Ministério da Defesa, responsável pela exploração dos mares profundos da França, a remoção de itens de um naufrágio pode ser feita com o uso de um robô submarino equipado com pinças ou braços mecânicos, conectado por um longo cabo a um navio na superfície.

Autoridades informaram que análises adicionais serão realizadas por especialistas em cerâmica, arqueólogos e profissionais de arquitetura naval. Até o momento, o naufrágio mais profundo encontrado pela França havia sido registrado em 2019, a 2,3 quilômetros de profundidade ao largo da cidade de Toulon. Tratava-se dos destroços do submarino francês La Minerve, que afundou em 1968 com 52 marinheiros a bordo apenas quatro minutos após o início de uma missão de rotina.

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