Não é segredo que a Terra está condenada. Embora as ameaças mais imediatas, como as mudanças climáticas e o aumento do nível dos mares em todo o mundo, sejam amplamente discutidas, o verdadeiro fim do planeta está programado para acontecer em uma escala de tempo muito mais extensa, daqui a bilhões de anos, quando os níveis de oxigênio atmosférico começarão a despencar, tornando a vida como conhecemos insustentável.
Pesquisas publicadas nos últimos anos indicam que essa mudança será repentina. A transformação prevista guarda semelhança com o chamado Grande Evento de Oxigenação, ocorrido há mais de 2,4 bilhões de anos, quando o oxigênio passou a compor a atmosfera terrestre em níveis significativos, possibilitando o surgimento das formas de vida mais primitivas da Terra. Esse marco geológico alterou radicalmente as condições ambientais e pavimentou o caminho para o desenvolvimento da vida complexa.
No entanto, cientistas têm debatido há tempos que a presença de oxigênio na atmosfera, essencial para a respiração humana, não é uma característica permanente de mundos habitáveis. Vizinhos planetários como Marte e Vênus parecem ter perdido grande parte de seu oxigênio atmosférico em algum momento de sua história. A Terra, dizem muitos pesquisadores, caminha para um destino semelhante.
Os fatores que levarão a essa drástica redução nos níveis de oxigênio são numerosos e complexos. Além do aquecimento global natural, o aquecimento impulsionado pelas atividades humanas pode acelerar esse processo. Modelos climáticos sugerem que os níveis de oxigênio do planeta podem cair ao ponto de se assemelhar aos da Terra Arqueana, um período que antecedeu o Grande Evento de Oxigenação, quando a única forma de vida presente eram microrganismos extremamente simples. Níveis tão baixos de oxigênio, evidentemente, seriam incompatíveis com a sobrevivência de seres humanos e animais aeróbicos.
Há quem aposte que, antes desse ponto sem retorno, conseguiremos nos estabelecer em outros planetas. Caso contrário, e se ainda houver humanos vivos daqui a bilhões de anos, o fim será inevitável. O cenário projetado pelos cientistas é sombrio: estima-se que o Sol, dentro de aproximadamente 2 bilhões de anos, se expanda até o ponto de destruir a vida no Sistema Solar. Muito antes disso, porém, a atmosfera da Terra deve perder quase toda a sua capacidade de sustentar organismos que dependem do oxigênio. De acordo com pesquisadores, os níveis atmosféricos de oxigênio podem cair para valores quase um milhão de vezes menores do que os atuais.
Felizmente, esse fim apocalíptico ainda está muito distante no tempo e não constitui uma ameaça imediata. Mesmo assim, existem debates sobre como seria possível adiar o inevitável. Ainda que uma extensão desse prazo seja alcançável, pouco pode ser feito diante do colapso previsto, a não ser torcer para que planos como os da NASA e de empresários que visam estabelecer colônias humanas em Marte a partir da década de 2030, avancem com sucesso.