A Polícia Civil deflagrou uma ação em nove municípios para desarticular uma organização especializada em fraudes no setor agrícola, cumprindo 135 mandados judiciais em Curitiba, São José dos Pinhais, Fazenda Rio Grande, Paranaguá, Ponta Grossa, Laranjeiras do Sul, Congonhinhas, Nova Fátima e Goiânia (GO).
As ordens incluíram 37 prisões preventivas, 41 buscas em residências, 17 apreensões de veículos de carga e 40 bloqueios de bens.
A operação conta com apoio da Polícia Rodoviária Federal e visa um grupo acusado de desviar e adulterar cargas de soja e fertilizantes.
Investigadores apuraram que os criminosos operavam desde 2022, quando foi registrado o primeiro furto de fertilizantes no valor de R$ 95 mil. Ao longo das apurações, foram identificados mais de 100 casos semelhantes, com prejuízos superiores a R$ 15 milhões.
Os produtos roubados eram levados para depósitos clandestinos, onde a soja era misturada com areia para aumentar o volume. Após o processo de falsificação, as cargas eram reembaladas e comercializadas como originais, chegando inclusive ao mercado internacional.
Fertilizantes também sofriam adulteração com adição de calcário e silicato, reduzindo sua eficácia e causando danos às lavouras.
O delegado André Gustavo Feltes, responsável pelo caso, destacou os impactos econômicos e institucionais da operação fraudulenta.
“Além dos prejuízos financeiros imediatos, essas práticas comprometem a produtividade agrícola e podem manchar a reputação do Brasil como exportador de commodities”, afirmou Feltes. A operação representa um dos maiores golpes contra fraudes no agronegócio no estado nos últimos anos.
Um dos principais métodos da organização criminosa era o aliciamento de motoristas. A PC-PR identificou que a quadrilha mantinha motoristas contratados fixamente por empresas fictícias para desviar cargas frequentemente. Além desses, outros motoristas eram cooptados pontualmente para executar desvios das rotas originais até os armazéns clandestinos. A participação deliberada desses motoristas era crucial para abastecer o esquema criminoso.
Entre os crimes investigados pela PC-PR estão furto qualificado, receptação qualificada, falsidade ideológica, adulteração de produtos agrícolas, indução de consumidor a erro, duplicata simulada, lavagem de capitais e organização criminosa.
NOTEIRAS – As investigações também captaram que notas fiscais falsas eram emitidas por empresas sem vínculo legítimo com os envolvidos, muitas delas com registros encerrados ou atuando exclusivamente como “noteiras”. Esses documentos simulavam transações comerciais fictícias para conferir aparência de legalidade ao transporte e à revenda dos produtos adulterados.