Muito antes de se tornar o planeta gigante que vemos hoje, Júpiter era ainda maior e tinha um campo magnético muito mais forte, de acordo com um novo estudo que investigou o passado para revelar como o mundo era em seus primeiros anos.
Os novos cálculos, descritos em um artigo, sugerem que apenas 3,8 milhões de anos após a formação dos primeiros objetos sólidos do sistema solar, Júpiter tinha o dobro de seu tamanho atual e um campo magnético pelo menos 50 vezes mais intenso do que o observado hoje.
“Nosso objetivo final é entender de onde viemos, e definir as fases iniciais da formação dos planetas é essencial para resolver esse quebra-cabeça”, disse Konstantin Batygin, professor de ciência planetária e líder do estudo, em um comunicado. “Isso nos aproxima da compreensão não apenas de Júpiter, mas de todo o sistema solar.”
Para descobrir as condições planetárias antigas de Júpiter, Batygin e sua equipe evitaram grande parte das suposições dos modelos existentes de formação planetária, como a taxa em que os planetas jovens acumulavam gás primordial. Em vez disso, concentraram-se em duas das luas menos conhecidas de Júpiter, Amalteia e Tebe.
Esses pequenos satélites orbitam muito perto de Júpiter e seguem trajetórias levemente inclinadas, que os cientistas suspeitam terem permanecido inalteradas desde os primórdios do sistema solar. Ao analisar essas inclinações orbitais sutis, os pesquisadores conseguiram reconstruir o tamanho e a força magnética primordiais de Júpiter, de acordo com o estudo.
Os cálculos da equipe indicam que o jovem Júpiter tinha um raio quase duas vezes maior que o atual, com volume suficiente para abrigar mais de 2.000 Terras. Hoje, o planeta comporta o equivalente a 1.321 Terras.
Embora o estudo não explore diretamente como um Júpiter tão massivo influenciou o sistema solar inicial, ele ressalta que a formação e a evolução precoce do planeta desempenharam um “papel fundamental” na definição da arquitetura geral do sistema solar.
Segundo Batygin e sua equipe, as novas descobertas também capturam Júpiter em um momento crucial, quando a nuvem de gás e poeira remanescente da formação do Sol se dissipou. Isso marcou o fim da formação planetária e consolidou o layout básico do sistema solar.
“O que estabelecemos aqui é um marco valioso”, disse Batygin no comunicado. “Um ponto a partir do qual podemos reconstruir com mais confiança a evolução do nosso sistema solar.”