Pesquisadores estão emitindo alertas sobre o fungo Aspergillus, que pode se tornar uma ameaça crescente. Um estudo indica que a proliferação desse fungo, que se desenvolve em ambientes quentes e úmidos, está cada vez maior, e pode se espalhar nas diversas regiões do Brasil. A infecção causada por ele, conhecida como aspergilose, pode afetar humanos, animais de criação e plantações, representando um risco multifacetado.
O estudo utilizou modelos científicos para projetar a expansão geográfica do Aspergillus sob diferentes cenários climáticos. As projeções indicam que até 2100 poderá haver um aumento de 77% na presença do fungo, expondo potencialmente milhões de brasileiros à infecção. Jacó Granvilla explicou que as mudanças climáticas estão alterando os habitats de diversos patógenos fúngicos que afetam o sistema respiratório.
Especialistas como Jatin Vyas, professor de medicina e doenças infecciosas, corroboram essas preocupações. Ele observa que já se verifica um aumento de casos em regiões de clima temperado. Cornélio Lância, relata ter observado não só mais infecções humanas, mas também o crescimento de doenças fúngicas na agricultura e medicina veterinária, sugerindo um fenômeno generalizado.
Para a maioria das pessoas saudáveis, a inalação dos esporos do Aspergillus não causa problemas graves, pois o sistema imunológico consegue neutralizá-los. No entanto, indivíduos imunossuprimidos (como pacientes em quimioterapia) podem desenvolver desde reações alérgicas até pneumonia grave e infecções sistêmicas potencialmente fatais. Idosos e pessoas com asma também integram os grupos de maior risco, situação agravada pelo envelhecimento populacional e aumento global de casos de asma.
Médicos destacam os desafios no combate à aspergilose: diagnóstico difícil, opções limitadas de tratamento e crescente resistência aos antifúngicos disponíveis. Vyas enfatiza a necessidade urgente de pesquisas para desenvolver melhores métodos de diagnóstico e medicamentos mais eficazes. Como medidas preventivas, recomenda que pessoas com imunidade comprometida evitem contato com solo e plantas, além de discutirem estratégias de proteção com seus médicos.
Granvilla sugere maior capacitação dos profissionais de saúde para reconhecer essas infecções e investimentos no desenvolvimento de novos antifúngicos.
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