Thursday, May 8, 2025
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Múmia peruana é encontrada no lixo

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No antigo Peru, os membros da elite eram tradicionalmente enterrados com grandes riquezas e cerimônias dignas de seu status. Por isso, foi uma surpresa quando arqueólogos descobriram os restos mumificados de uma nobre mulher que havia permanecido por décadas em um antigo depósito de lixo.

O local da descoberta, feita em dezembro, era originalmente parte de Aspero, um importante sítio religioso da civilização Caral, que floresceu por volta de 3000 a.C. – contemporânea às grandes civilizações do Egito e Mesopotâmia. Curiosamente, Caral chegou a construir uma imponente pirâmide comparável às egípcias, mas o local acabou abandonado e, nos anos 1960, transformado em depósito, até ser redescoberto como sítio arqueológico na década de 1990.

O arqueólogo David Palomino, responsável pela escavação, afirma que, embora a sociedade Caral fosse predominantemente liderada por homens, esta mulher claramente pertencia à elite.

O túmulo revela detalhes fascinantes: ela foi cuidadosamente envolta em finas camadas de tecido, adornada com um elaborado cocar de fios trançados – símbolo de alto status – e coberta por um manto decorado com brilhantes penas de arara azuis e douradas.

Entre os objetos funerários encontravam-se uma tigela de pedra, uma cesta de palha e um intrigante bico de tucano.

Porém, o aspecto mais notável foi o excepcional estado de conservação do corpo, preservando pele, cabelos e unhas – uma raridade na região, onde normalmente só são encontrados ossos, conforme destacou o Ministério da Cultura do Peru.

As análises preliminares revelaram que ela media aproximadamente 1,50m e faleceu entre 20 e 35 anos, embora a causa da morte permaneça desconhecida.

Esta descoberta a coloca ao lado de outra importante figura feminina da época – a “Dama dos Quatro Tupus”, assim chamada pelos quatro broches em forma de animais encontrados em seu túmulo.

Ambas compartilhavam características de enterros luxuosos: múltiplas camadas de tecidos finos e objetos valiosos como oferendas. A Dama dos Tupus, por exemplo, usava um impressionante colar de contas de moluscos e broches esculpidos representando macacos e aves exóticas.

Um aspecto particularmente interessante é que, apesar de seu status elevado, a Dama dos Tupus apresentava sinais de trabalho físico nos ossos. Isso sugere que, na sociedade Caral – cuja economia se baseava na agricultura e pesca -, mesmo os membros da elite participavam de atividades laborais, contrariando a imagem tradicional de aristocratas vivendo em completo ócio.

Os pesquisadores agora investigam se a múmia recentemente descoberta também apresenta marcas similares.

Atualmente, uma equipe multidisciplinar está realizando estudos detalhados sobre a saúde, dieta e origem dos objetos encontrados com a múmia.

Quanto à própria civilização Caral, desenvolvida pelo povo Norte Chico, ela prosperou por impressionantes quatro milênios antes do surgimento do Império Inca, mantendo-se notavelmente isolada de influências externas. Seu declínio e abandono permanecem envoltos em mistério, sem evidências de conquista ou conflito externo, continuando a desafiar os arqueólogos até os dias atuais.

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