A campanha Maio Amarelo chega a sua 10ª edição em 2025, marcando também os dez anos da Lei Estadual 18.624/2015, proposta originalmente pelo parlamento estadual. A legislação, que estabeleceu bases para políticas públicas de prevenção a sinistros nas vias, vem sendo atualizada periodicamente para enfrentar o aumento recente de ocorrências, após anos de redução progressiva. Estatísticas oficiais indicam crescimento de 12% nos registros de colisões fatais entre 2021 e 2024.
Ao longo do período, diversas estratégias educativas serão implementadas em todo o território paranaense. Iniciativas como oficinas em colégios, intervenções em eventos culturais e operações conjuntas com agentes de fiscalização buscam engajar a população na construção de um tráfego mais seguro. O enfoque recai sobre a corresponsabilidade entre motoristas, passageiros, motociclistas e transeuntes no cumprimento das normas de circulação.
Sob o lema “Mobilidade Humana, Responsabilidade Humana”, as atividades terão início com uma cerimônia no dia 6, às 18h30, no Plenário da Assembleia Legislativa. O autor da normativa, deputado Hussein Bakri (PSD), conduzirá a solenidade que prestará tributo a operadores do sistema viário, incluindo socorristas, engenheiros de transporte e educadores. Pesquisas demonstram que estados com programas contínuos de educação no trânsito apresentam redução média de 23% em vítimas fatais, reforçando a importância da manutenção dessas políticas.
“O Maio Amarelo já está enraizado no Paraná e tem sido uma ferramenta fundamental para que tenhamos um trânsito mais seguro no Estado. Desde que a nossa lei criou a campanha em nível estadual, evoluímos muito na conscientização dos motoristas”, avalia Hussein Bakri (PSD).
Alta de acidentes e infrações
“Conscientizar os motoristas sobre as suas ações é tarefa árdua, mas necessária. Basta ver as estatísticas que apontam falhas humanas como responsáveis por cerca de 90% das mortes no trânsito”, ressalta Hussein Bakri. “Mesmo com o Maio Amarelo em vigor, com carros e estradas cada vez mais seguros e modernos, houve um crescimento de 13,5% no número absoluto de mortes por acidentes de trânsito no Brasil entre 2010 e 2019”, denuncia.
As estatísticas da Polícia Rodoviária Federal (PRF) relacionadas às estradas federais paranaenses também deixam claro que há ainda muito trabalho a ser feito em termos de conscientização. As BRs que cortam o Paraná tiveram em 2024 o maior número de mortes no trânsito desde 2017. Colisão frontal (181 casos) foi a causa preponderante. Foram 605 vítimas fatais, um aumento de 8,2% em comparação ao ano anterior. Os registros de acidentes de trânsito também cresceram, passando de 6827 (em 2023) para 7302 (em 2024).
Nas rodovias estaduais do Paraná, mais de 368 mil infrações por excesso de velocidade foram registradas em 2024, um aumento de 14% quando comparadas com as emitidas em 2021, de acordo com dados do Batalhão da Polícia Rodoviária (BPRv). Ainda sobre o cenário das PRs em 2024, irregularidades relacionadas ao uso do cinto de segurança totalizam mais de 24 mil casos, enquanto prisões por embriaguez no trânsito somam 396 – é um aumento de 60% em relação a 2021, quando foram realizadas 248 prisões.
Ciclistas e pedestres
O pedestre e o ciclista também são figuras sensíveis no trânsito: os atropelamentos foram a segunda principal causa de mortes nas rodovias federais do Paraná em 2024, ainda segundo a PRF. Dados do Departamento de Trânsito do Paraná (Detran/PR) de 2024, baseados no Sistema de Informação Hospitalares (SIH), contabilizam 18.521 acidentes com pedestres e 9.351 com ciclistas entre 2010 e 2023 no Paraná. Em Curitiba, acidentes com usuários de bicicleta cresceram 15% entre 2020 e 2024.
Para o deputado Goura Nataraj (PDT), cuja trajetória política sempre esteve ligada aos direitos dos ciclistas e pedestres, é necessário que os esforços de conscientização centralizem esses dois atores. “Muitas vezes vemos campanhas muito equivocadas em relação ao trânsito que culpam a vítima, que não ensinam o motorista do automóvel, do ônibus, a cuidar dos pedestres e ciclistas. Fazem com que a responsabilidade se coloque sobre os pedestres”.
O parlamentar pontua que, apesar da importância da campanha, o Paraná ainda não está melhorando “nas grandes questões” referentes ao trânsito, que exigem orçamento e projetos qualificados. Ele cita o exemplo de Curitiba, cujo plano cicloviário previa até o fim deste ano cerca de 400 km de estrutura cicloviária. Atualmente, há 310 km. “Os principais desafios são infraestrutura nos centros urbanos, em quantidade e qualidade”.
Goura destaca ainda a importância das leis da Política de Mobilidade Sustentável e Incentivo ao Uso da Bicicleta e a Campanha Morte Zero no Trânsito, sancionadas em 2020 e 2023, e que nasceram da iniciativa da Assembleia Legislativa em fortalecer a segurança do trânsito.
Aperfeiçoamento
Desde a sanção, a lei que prevê a organização do Maio Amarelo foi ampliada. Em 2023, projeto do deputado Batatinha (MDB) passou a dedicar a segunda semana do mês a ações específicas aos motociclistas, usuários do trânsito mais vulneráveis ao risco de acidentes. A semana ganhou o nome de Moto Vida. Conforme o Detran, acidentes com motocicletas foram as principais causas dos internamentos e óbitos entre 2010 e 2023 no Paraná. O recorde de casos foi registrado justamente em 2023, com 5.927 hospitalizações.
Já no ano seguinte, a sanção de um projeto de lei da deputada Marli Paulino (SD) ampliou o rol de ações preventivas no Maio Amarelo, passando a contemplar também condutores de ciclomotores, bicicletas elétricas, equipamentos de mobilidade individual, skates, patins e patinetes. A deputada assinalou à época a diversificação cada vez maior de meios de locomoção e a necessidade de atualizar a norma.
Ao analisar a trajetória desde que propôs a lei, Hussein Bakri vê como destaque as campanhas realizadas em escolas. “As crianças assimilam as informações de uma forma lúdica e, além de repassar aos pais, passam a cobrar que eles não descumpram as leis ao volante. Sempre digo que, se uma única for salva graças ao Maio Amarelo, já terá valido a pena”.
Movimento Maio Amarelo 2025
Conforme o ONSV (Observatório Nacional de Segurança Viária), Mobilidade Humana, Responsabilidade Humana, temas da campanha deste ano, convidam os cidadãos a desacelerar, servindo como alerta para repensarem as atitudes no trânsito.
“A frase, definida por meio da Resolução 1014/2024 do Contran (Conselho Nacional de Trânsito) é especialmente providencial, convidando o cidadão a desacelerar em todas as atividades. E isso é um desafio que a campanha do Movimento desse ano encarou. Essa a mensagem que queremos trazer: a sua correria diária em casa, no trabalho, na escola, na academia, ou seja, em todos os ambientes também é levada para a rua. Há quanto tempo você não faz somente uma atividade de cada vez, pensando e se concentrando nela?”, destaca o Observatório.
A campanha desse ano tem como peça principal um filme. O material pode ser baixado neste link.
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